Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, maio 13, 2005

Tudo certo como dois e dois são cinco

Eduardo Graeff

e-agora
O Ministério da Fazenda maquiou dados para ostentar um aumento de 31% nos gastos sociais do governo Lula, quando na verdade o que houve foi um recuo de 1,31%. Quem diz isso não é nenhum oposicionista, mas um economista militante do PT. A tabuada de Lula é como o seu conceito de democracia: muito relativa.

Lula reduziu gasto social, diz Pochmann

Folha de S. Paulo (12/05/05)

FOGO AMIGO
Ex-secretário de Marta afirma que petista cortou gastos em 1,31% em vez de aumentá-los em 31%, como sugere Palocci


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Marcio Pochmann divulgou ontem documento em que refuta dados apresentados pelo Ministério da Fazenda sobre o aumento divulgado de 31% nos gastos sociais no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "O que existiu na verdade foi uma regressão em 1,31%", disse.

A comparação é feita entre os dois primeiros anos do governo Lula (2003 e 2004) e os dois últimos anos de gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (2001 e 2002).

Os 31% apresentados pelo governo é uma comparação nominal entre a média dos anos.

A discrepância nos resultados da pesquisa, disse Pochmann, deve-se ao fato de ele ter corrigido as despesas pela inflação e considerado o crescimento demográfico. Pochmann, que foi secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da cidade de São Paulo na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), disse que o estudo assinado pelo ministro Antonio Palocci (Fazenda) e por Marcos Lisboa, que se afasta hoje da Secretaria de Política Econômica, tem "erros grosseiros".

"É um documento malfeito, com erros crassos e que leva a conclusões incompatíveis com a realidade. Acho que o objetivo foi passar uma imagem melhor do governo", disse o economista.

Dados
O documento do governo destaca o aumento da transferência de renda a famílias pobres, de R$ 2,4 bilhões em 2002 para R$ 5,8 bilhões em 2004. Diz ainda que a maior fatia dos gastos sociais (51,5%) é consumida pelo pagamento de aposentadoria, pensão e outros benefícios previdenciários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Pochmann, por sua vez, argumentou que os dados não podem ser vistos de forma isolada. A transferência de renda, afirmou, foi insuficiente para dar conta do prejuízo acumulado pela queda da renda do trabalhador.

"Se olhar no conjunto do gastos sociais do governo, há uma queda absurda nas despesas com habitação e saneamento [-47,31%], saúde [-2,72%] e educação [-0,73%]", disse o economista.

Pelo estudo do governo, conclui-se que o aumento no gasto social não diminuiu a desigualdade no país. Pochmann discorda: "O novo estudo mostra que não houve aumento do gasto social, ao contrário, houve regressão. A conclusão, portanto, está errada".

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