Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 28, 2005

CLÓVIS ROSSI:O despudor explícito

SÃO PAULO - Se o governo/PT executarem a decisão de punir os parlamentares que assinaram a CPI dos Correios, criar-se-á o seguinte quadro: o partido foi eleito com Eduardo Suplicy, mas governará com Roberto Jefferson.
Se isso não é fraude eleitoral, é melhor riscar essa expressão do léxico político.
Claro que não se trata de fraude punível pela legislação, até porque os regulamentos político-eleitorais são a mais perfeita esculhambação, ao mesmo tempo causa e conseqüência da também perfeita esculhambação que é a política brasileira.
O que chega a ser inacreditável é que justo o PT, ex-vestal da política tupiniquim, some o escárnio à esculhambação: tornar-se-á o primeiro partido a punir seus parlamentares porque topam investigar um caso escrachado de corrupção.
Procure-se nos estatutos do PT (ou de qualquer partido, no Brasil e no resto do mundo) para ver se há a hipótese de punição para quem queira investigar maracutaias. Não há.
A inovação petista carrega uma mensagem claríssima: quem quiser roubar fica avisado de que o partido/governo empenhar-se-á ao máximo para evitar investigações parlamentares. É um salvo-conduto para corruptos.
Fica também sob suspeição a investigação do caso Correios pela Polícia Federal. Se o governo fez o diabo -e diabo aí não é figura de linguagem- para impedir a CPI, como confiar em uma apuração a ser feita por um organismo do governo? Afinal, se o indigente argumento dos petistas é o de que uma CPI serviria de palanque para a oposição, qualquer fato que a PF venha a apurar em relação a funcionários do governo também será palanque, até mais sólido, porque a armação dele terá vindo de um braço do governo, certo?
Custa a crer que todo o desgaste tenha sido decorrente de mera incompetência. Esta até existe e é evidente. Mas será só isso?
folha de s paulo

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