As exportações brasileiras para a Coréia dobraram desde a crise de 97, mas nos últimos tempos nossas vendas crescem num ritmo bem menor que as compras. Neste primeiro quadrimestre, o Brasil importou 32% mais e exportou 13% mais. No ano passado, daqui para lá foram 16% mais produtos e de lá para cá vieram 60% mais.
A Coréia é um país invejável em todos os sentidos: taxa de poupança, investimento, nível de industrialização, rapidez de recuperação depois da crise de 97. O mais importante, no entanto, é seu sistema educacional montado em cima de uma opção feita nos anos 60: toda a prioridade do ensino fundamental. O ensino universitário ficou, em grande parte, entregue às empresas privadas e lá, diferentemente daqui, as grandes empresas — como a Samsung, por exemplo — fazem altos investimentos na melhoria do ensino de terceiro grau. O resultado é que o gasto com ensino superior da Coréia, como proporção do PIB, é metade do que o Brasil gasta. E eles têm 82% dos estudantes no terceiro grau; enquanto o Brasil tem 18%. Os números da Coréia trazem outro mistério: a proporção de coreanos acima de 60 anos como percentual da população é maior do que a nossa — quando aqui era 7,5% a deles já era 11% — apesar disso, eles gastam 2% do PIB com previdência e o Brasil, 10,7%. Se o Brasil aprendesse esses dois segredos, já estaria com meio caminho andado. Ou talvez mais. Um exemplo da eficácia das opções coreanas: nos anos 60, a renda per capita era pouco mais da metade da brasileira. Hoje a renda por habitante lá é o dobro da do Brasil.
O comércio entre os dois países ainda é tímido diante das possibilidades. O Brasil exporta para a Coréia apenas 1,5% de tudo o que vende. Não chega a US$ 1,5 bilhão. Maiores são as possibilidades de investimento no Brasil que começam a acontecer.
O comércio do Brasil com o Japão já foi maior. Chegamos a exportar mais de US$ 3 bilhões para lá em 97. As vendas caíram para US$ 1,9 bilhão em 2001 e voltaram a subir desde então. Em 2004, as exportações cresceram 19,8% e, este ano, em quatro meses, já cresceram 33%. As importações de lá cresceram 13% no ano passado e 26% nestes primeiros quatro meses.
A retomada do Japão tem um lado desconcertante. Mostra o quanto a Ásia — inclusive o próprio Japão — depende da China para ter um bom desempenho. São as demandas da economia de um país com quem o Japão teve históricas rivalidades, e páginas sombrias da história comum, que garantem o novo dinamismo da economia japonesa. Aos poucos, a China vai tomando lugares antes ocupados pelo Japão. No total das exportações brasileiras para a Ásia, o Japão foi durante anos o primeiro. Agora, ainda é importante e absorve 21% de tudo o que vendemos para a região, mas perdeu o primeiro lugar para a China, que absorve 33%. Para eles, o Brasil é muito pequeno: apenas um fornecedor de produtos com baixo índice de industrialização e de algumas matérias-primas que eles não têm, como minério de ferro; ou que não conseguem produzir, como alumínio, que exige muita energia.
Do lado do Brasil, estamos de olho em várias oportunidades no Japão. Uma delas, a exportação de carnes para lá. Até hoje, eles ainda mantêm barreiras sanitárias contra as carnes brasileiras. Abrir o mercado dos maiores compradores de carne suína do mundo é um dos objetivos dos exportadores daqui.
De qualquer forma, nosso objetivo acaba mesmo girando em torno de produtos com menor valor. Dos japoneses e coreanos, compramos produtos de alto valor agregado, sofisticados bens da tecnologia de informação.
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