Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, maio 05, 2005

ELIANE CANTANHÊDE:Hermanos

 BRASÍLIA - FHC, Alckmin, Aécio e Serra fizeram festa ontem em Brasília mostrando que têm time e estão no jogo da sucessão presidencial. Lula, confortável nas pesquisas, fingiu que não estava nem aí. Falando de futebol estava, falando de futebol continuou. E vai continuar. FHC, Alckmin, Aécio e Serra são os "hermanos" da eleição de 2006. Vivem na mesma casa, sob o mesmo teto, mas disputam o amor do papai, da mamãe e das pesquisas, antes do próprio eleitorado. FHC, primogênito, está mais para padrinho do que para candidato. E Alckmin, o certinho, parece ser mesmo a bola da vez. O empresariado intuiu, Aécio sabe que tem tempo, Serra está acorrentado à recém-conquistada prefeitura. Do outro lado, os "hermanos" petistas Aloizio Mercadante, Marta Suplicy e João Paulo Cunha, que já estão puxando os cabelos e dando dentadas nos intervalos de comportadas fotos em família, agora têm que suportar mais essa: o onipresente José Dirceu não se contenta em ser "apenas" primeiro-ministro de fato, gerente de governo, coordenador político e chanceler nas horas vagas. Pode ser mais um na disputa de São Paulo. Sua "candidatura" é daquelas: se colar, colou; se não, a imprensa é que inventou. Costas largas... Desde Caim e Abel, passando por Freud, a coisa toda evoluiu muito. Ganhou até a tradução em espanhol, "hermanos", em homenagem à entusiasta e nada monótona convivência do Brasil com a Argentina no Cone Sul. É sempre amor e ódio, às vezes mais ódio do que amor. O problema é que, quando não se matam, irmãos ariscos costumam disputar até bolachas e bagunçar a casa. A eleição presidencial dos tucanos, a paulista dos petistas e a Comunidade Sul-Americana de Nações são casas ainda em construção. Apanhar calado não tem graça, mas, se sacudir muito, a casa cai.
 
Por falar nisso: a situação da Varig, que era grave, agora é crítica.

FOLHA DE S.PAULO

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