Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, maio 05, 2005

CLÓVIS ROSSI:Severino, o novo herói

  PARIS - Aqui e ali, ainda muito timidamente, vai-se infiltrando a tese de que Severino Cavalcanti é a redenção da pátria.
Redenção, primeiro porque é transparente. Faz e diz de público aquilo que a maioria dos políticos prefere fazer e dizer escondidinho.
Não tivéssemos perdido totalmente o rumo, a esse fenômeno se chamaria de cara-de-pau, jamais de transparência. Não há mérito em fazer e dizer de público o que outros fazem e dizem escondido. Ambas as coisas estão erradas. Não se corrigem os defeitos da política por arrotá-los em praça pública.
Redenção, também, porque seria algo como a voz do povo, o último homem no país tropical a ter sensibilidade para entender os problemas da pátria, na medida em que os supostamente bem-educados e formados nas mais luminosas pós-graduações do exterior ou os formados na universidade da vida e, ainda assim, alçados a postos de mando, não conseguem fazê-lo.
De novo toma-se o defeito alheio como qualidade de Severino. Que idéia sobre o Brasil desenvolveu o presidente da Câmara em sua já longa carreira política? Zero. Quem, mesmo entre os que agora descobrem nele méritos que os mortais comuns não conseguem enxergar, o convidaria para um seminário que fosse discutir o desenvolvimento?
Poderia até ser convidado, como enfeite de mesa, já que é o presidente da Câmara. Mas não creio que a sala ficasse lotada de gente ansiosa para ouvi-lo a não ser à espera de mais uma gafe (ou, vá lá, de mais uma "transparência").
Vamos ser realistas, pelo amor de Deus. Severino nem precisa ter idéias sobre o que fazer com o Brasil. Elege-se e reelege-se ajudando "cachaceiros" de João Alfredo que não estão nem aí para o teor de suas idéias. É um dos mais acabados retratos do atraso brasileiro.
Já descemos o suficiente na política. Não precisamos inventar mais um falso estadista, por favor.
FOLHA DE S.PAULO

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