Entrevista:O Estado inteligente
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domingo, maio 08, 2005
Dora Kramer:Presidencialmente incorreto
Todos os defeitos da cartilha politicamente correta editada pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos já foram nominados e, desta vez, nem o presidente Luiz Inácio da Silva ficou de fora do bombardeio: chamou o chanceler da idéia às falas e mandou o secretário Nilmário Miranda recolher o manual à sua insignificância.
Perda de tempo, desperdício de dinheiro, "brainstorm" de mentes opacas, manifestação de ânimo autoritário, macaquice de imitação, muito se falou a respeito da cartilha, cuja maior impropriedade talvez seja ter sido feita exatamente no Governo de um presidente que é quase um monumento ao politicamente incorreto.
Portanto, seus auxiliares deveriam saber que o primeiro a sentir-se tolhido e patrulhado seria o chefe.
Há, nesses dois anos de meio de Governo, uma seleção de grandes momentos da incorreção política protagonizados pelo presidente Lula.
Só para recordar, sem a pretensão de listar todos e com a certeza de que muitos ficarão de fora por esquecimento, vamos a alguns inesquecíveis "hits".
Em 2003, ano de entusiasmo e grande boa vontade, não era de bom-tom apontar como gafe as impropriedades do presidente. Digamos, então, que ele tenha sido autêntico ao convocar os aposentados a "não ficarem em casa atrapalhando a família" quando sancionou o Estatuto do Idoso.
No mesmo ano, em solenidade de sanção de lei referente à saúde mental, Lula foi franco ao demonstrar intimidade com o tema: "Falar de doença mental não deve ser difícil para ninguém, porque a dura realidade é que todos temos um pouco de louco dentro de nós. Quem não acreditar é só fazer uma retrospectiva do seu comportamento nos últimos 10 anos".
Sensibilíssimo, em junho de 2003, recepcionou assim os "companheiros" portadores de deficiência física: "Estou vendo o Arnaldo Godoy sentado, tentando me olhar, mas ele não pode me olhar porque ele é cego. Estou aqui à tua esquerda, viu, Arnaldo!"
"Há males que vêm para o bem", realmente, não foi a melhor frase que o presidente poderia dizer ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, em agradecimento à ajuda recebida nas investigações sobre as causas do acidente na base de Alcântara em que morreram 19 pessoas.
Ainda da série meu pé esquerdo, cumpre selecionar um clássico perpetrado em encontro com atletas paraolímpicos: "Estou com uma dor no pé, mas não posso nem mancar para a imprensa não dizer que estou mancando porque estou num encontro de portadores de deficiência".
Encontro em que estavam presentes atletas cujo objetivo era conquistar vagas para os Jogos Paraolímpicos a se realizarem em, de acordo com Lula, "Antenas".
Na categoria igualdade de sexos, o presidente da República estreou esquecendo a mulher Marisa Letícia dentro de um carro na Espanha e mostrou-se em forma perfeita num discurso no Rio Grande do Sul: "A galega engravidou logo no primeiro dia (de casamento) porque pernambucano não deixa por menos".
De fato. Segundo ele, na Amazônia vivem "20 milhões de cidadãos" que "têm" mulheres e filhos. Portanto, não cidadãos, mas anexos.
Na área internacional, nada se compara ao modelo a África é pobre, mas é limpinha expresso na frase dita na capital da Namíbia para desconforto do tradutor: "Estou surpreso porque, quem chega a Windhoek, não parece que está num país africano".
A Índia também levou a sua ante o estupefato presidencial com a beleza do Taj Mahal: "Um país que constrói um monumento daquela magnitude tem tudo para ser mais desenvolvido do que é".
Na Síria, referiu-se ao "Continente Árabe" até então desconhecido e, ao presidente sírio – abstêmio por ser muçulmano –, ergueu a taça em brinde "à felicidade" de Al Assad, que sentado estava, sentado ficou.
A propósito da recente reeleição de Tony Blair, vale relembrar a reunião de chefes de Estado em Londres em que Lula, vaticinou ao primeiro-ministro: "Daqui a dois anos, o Tony Blair nem estará aqui".
Ao embaixador do Panamá no Brasil comunicou conhecer seu país "só de dormir", e ao presidente da Costa Rica fez piada dizendo ter ido ao Gabão "aprender como é que um presidente consegue ficar 37 anos no poder e ainda se candidatar à reeleição".
Em Nova Iorque fez desaparecer do mapa nossos três mil quilômetros de fronteira com a Bolívia e informou à platéia de empresários que o Brasil "só não faz fronteira com Chile, Equador e Bolívia".
O qualificativo de "bando" já o mereceram, nas expressões de Lula, os soldados, os generais, os jornalistas e os ex-presidentes, sendo os dois últimos "de covardes".
Na área educacional, o presidente com franqueza revelou que aprendeu a contar até 10 "apesar de só ter nove dedos".
Poderia aprender até mais, não fosse a leitura algo muito parecido com a esteira ergométrica: "Dá uma preguiça desgramada, mas depois de uns 20 minutos a gente vê como é importante".
Como se vê, a Secretaria de Direitos Humanos não entendeu o espírito da coisa.
O DIA
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