Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 07, 2005

Diogo Mainardi:Bananão, não, Dendezão



"Lula quer ser recordado pelo biodiesel. Na
verdade, ele custa mais caro do que o diesel
importado. Para se tornar viável, deverá ser
subsidiado. Quem pagará será o consumidor,
sempre que encher o tanque. É mais um exemplo
da pródiga contabilidade petista: o governo só
pensa no dinheiro que arrecada, e não no que gasta"

Lula quer ser recordado pelo Programa Nacional de Biodiesel. Duda Mendonça já decidiu usá-lo como o principal ponto da campanha eleitoral do ano que vem. Toda vez que Lula vai inaugurar alguma usina de mamona ou de dendê, no interior do país, o publicitário e sua equipe se agregam alegremente à comitiva, a fim de colher imagens para a propaganda do governo.

A última inauguração ocorreu na usina da Agropalma, em Moju, Pará. Além de Lula e Duda Mendonça, compareceram ao evento outros quatro ministros. Na ocasião, Lula declarou que o biodiesel é a melhor "resposta ao esgotamento das reservas mundiais de petróleo". Declarou também que a mamona e o dendê serão a "redenção de nosso país", produzindo 250.000 empregos e "muita inclusão social, sobretudo para a parte mais pobre da população". A declaração do presidente pode parecer redundante, considerando que, em teoria, somente os mais pobres precisariam de inclusão social. Não é o que pensa Lula. De fato, o dono da Agropalma é Aloysio Faria, o segundo homem mais rico do país. Não é só porque ele tem 3 bilhões de dólares guardados no banco que, segundo Lula, deve ser automaticamente excluído da sociedade.

Outro banqueiro que apostou no biodiesel foi Daniel Birmann. Virou o rei da mamona. Ergueu uma usina no Piauí, em parceria com o governador do Estado, o petista Wellington Dias. Ao mesmo tempo em que apóia os petistas na campanha do biodiesel, Birmann se opõe a eles na campanha do desarmamento, já que é proprietário da CBC, a maior fábrica de munições do país. Birmann sempre soube aproveitar as oportunidades. No apagão de Fernando Henrique, lucrou com as termelétricas. Na era Lula, mudou de ramo e passou a lucrar com o óleo de mamona. Em março, Birmann recebeu uma multa recorde da CVM, por ter praticado irregularidades societárias. Apesar disso, poderá contar com todas as regalias oferecidas pelo governo federal aos produtores de biodiesel, como o financiamento especial do BNDES e a isenção dos impostos PIS e Cofins.

Na inauguração da Agropalma, Lula apresentou alguns números. Segundo ele, "com a mistura obrigatória de 2% de biodiesel ao combustível, vamos economizar 160 milhões de dólares ao ano". O cálculo lulista é pura engabelação. Ele simplesmente ignorou todos os gastos do governo, como o financiamento dos bancos estatais, a renúncia fiscal, os 550 milhões de reais para aumentar a produção, os 100 milhões de reais distribuídos à agricultura familiar, os 8 milhões investidos em pesquisa, os 10 milhões do DNOCS. Pior: ele ignorou também o valor que será pago aos produtores de biodiesel para comprar o combustível. Pela conta lulista, Aloysio Faria e Daniel Birmann forneceriam o biodiesel de graça. Só que não é bem assim. O biodiesel, na verdade, custa mais caro do que o diesel importado. Para se tornar viável, deverá ser subsidiado. Quem pagará por ele será o consumidor, sempre que encher o tanque. É mais um exemplo da pródiga contabilidade petista: o governo só pensa no dinheiro que arrecada, e não no que gasta.

O Brasil, com Lula, já não é mais o Bananão. Agora é o Mamonão. É o Dendezão.

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