Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, maio 20, 2005

CLÓVIS ROSSI:O ridículo e os escroques


  SÃO PAULO - O problema de que padece o governo do PT não é apenas de desarticulação política. É também, e principalmente, de incompetência pura e simples.
Em meio à catarata de exemplos que poderiam ser invocados para provar a hipótese, a mais recente vem da boca de Aloizio Mercadante, o líder do governo no Senado, para quem a crise é uma tentativa da elite de desestabilizar o governo Lula.
Tão ridículo, mas tão ridículo, que coube a outro petista ilustre, o senador Delcídio Amaral (MS), tentar acordar seu colega: "Ô, Mercadante, a elite somos nós", disse Amaral, segundo o "Painel" desta Folha.
Para ganhar lugar no panteão mundial de tolices, Mercadante poderia ter acrescentado que a conspiração que só ele vê está sendo financiada pelos grandes banqueiros, insatisfeitos com o maná do céu que é para eles o governo do PT.
Como se sabe, grandes banqueiros são do andar de baixo, jamais da elite (pelo menos deve ser essa a visão do agudo analista Mercadante).
Com analistas desse calibre, o governo só pode afundar mais e mais na, digamos, desarticulação. Mas, feita essa observação indispensável, convém deixar claro que o PT não é nem remotamente o único culpado pela desagregação política visível a olho nu.
O grande erro do partido, que é também uma espécie de corrupção, é ter cometido fraude eleitoral: vendeu a mudança e está entregando a continuidade. Vendeu a pose de campeão mundial da ética na política e está entregando as mesmas operações-abafa velhas conhecidas.
Mas os outros partidos não têm moral para tirar casquinha em cima dessas grossas ranhuras na antiga vestal da política tupiniquim.
Se fossem sérios, PDT, PL, PMDB e PP teriam, para começar, expulsado os seus deputados estaduais flagrados em extorsão ao governador Ivo Cassol (RO). São escroques, e partido que abriga escroque é cúmplice. Não há duas interpretações nesse ponto.
folha de s paulo

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