O Estado de S.Paulo - 06/12
Nunca, como agora, os oráculos do Banco Central tiveram tantos intérpretes e disseram tão pouca coisa.
A
Ata do Copom ontem divulgada deveria repassar para os fazedores de
preços sua percepção a respeito da inflação futura e do que o Banco
Central pretende fazer para contê-la. Não se trata de liturgia vazia;
trata-se de informar adequadamente os agentes econômicos sobre o que
acontece e sobre os passos seguintes da política monetária (política de
juros), a fim de melhor administrar as expectativas e, assim, dar mais
eficácia à política.
Explicando melhor: se o Banco Central
consegue convencer as pessoas de que a inflação vai cair, mais
facilmente conseguirá derrubá-la, na medida em que os remarcadores de
preços temerão o encalhe de mercadoria se forçarem demais os preços.
Quem
leu atentamente os 71 parágrafos da Ata do Copom, não conseguiu
indicações claras sobre o que virá agora. Ainda que a inflação continue
renitente - está dito lá -, que o avanço do consumo siga mais forte do
que a capacidade de oferta da economia, que o impacto sobre os preços
promovido pela alta do dólar (desvalorização do real) tenha de ser
compensado com aperto monetário (alta dos juros) e que persista o risco
criado pelo aumento dos salários acima da produtividade do trabalho -
ainda assim, não há certeza sobre o que virá em 2014.
O Banco
Central menciona outras fontes crônicas de inflação, como "os mecanismos
formais e informações de indexação" (correções automáticas de preços de
acordo com a inflação passada), e deixa subentendido que os preços
controlados pelo governo (tarifas) podem ter reajustes mais altos e,
nesse caso, ajudarão a empurrar a inflação.
Há umas tantas frases
repetidas em atas anteriores agora suprimidas no novo texto e alguma
expressão nova acrescentada. Mas não é nada que pudesse ser identificado
como novo oráculo relevante dos deuses do Olimpo.
Fica a
impressão de que o Banco Central opera no meio de brumas e tem dúvidas
sobre o comportamento futuro dos preços. Não consegue adiantar o que
pretende e, por isso, vai esperar para ver. Se a inflação voltar a
levantar voo, cortará mais algumas penas de suas asas e tal, mas fica a
sensação de que o Banco Central gostaria de dar por findo o atual ciclo
de alta de juros. Tanto isso é verdade que, no comunicado emitido logo
após a reunião do Copom, mencionou que a retomada da alta dos juros
começou em abril, como a lembrar que a maior parte do aperto já
aconteceu. E, mais uma vez, repisa que a alta dos juros leva um tempo
(seis a nove meses) para produzir efeito.
Não dá sinais mais
evidentes de que pode parar por aí, por duas razões: porque não vem
tendo a colaboração esperada da turma da gastança - circunstância que
continua omitida no texto; e porque teme os efeitos sobre o câmbio da
superanunciada operação de reversão das megaemissões de dólares por
parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). São
as duas principais fontes de risco de inflação para o Brasil que obrigam
o Banco Central a permanecer "especialmente vigilante".
Entrevista:O Estado inteligente
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