Com CUT, UNE e MST fora de combate a partir de Lula, por conveniência
ou oportunismo, entra em ação pela ética pública um tal de LulzSec
para azucrinar e expor os Poderes da República. Tão instigante quanto
preocupante.
Num espaço de horas, esses hackers atacaram sites da Presidência da
República, Prefeitura de São Paulo, ministérios da Cultura e de
Esportes, Petrobras, IBGE, Infraero, Receita, Senado e o Portal
Brasil. Uns talvez nem tenham sido efetivamente atacados, mas já se
sentiram previamente ameaçados.
Ao que tudo indica, a onda começou como uma brincadeira, mas ganhou
espuma política com a ideia de protesto contra os desvios éticos que
se multiplicam em diferentes esferas de poder e da federação, sem que
um só "cara pintada" ponha os pés nas ruas, agora ocupadas por milhões
em marchas para Jesus, legalização da maconha e Parada Gay, como neste
domingo.
Ao ocupar esse vácuo de vigor e protesto político, os hackers provocam
alertas, dúvidas e temores.
O alerta para os governos e demais Poderes é que a sociedade, de
alguma forma, está de olho.
A dúvida no Congresso é como criminalizar esse tipo de ação virtual,
tema dos parlamentares nesta semana, com votação na quarta.
E o temor da Polícia Federal e da Abin (o órgão de inteligência da
Presidência) é que, de ameaças que causam só dor de cabeça, eles
possam evoluir com o tempo para ataques ao sistema nervoso central.
De um lado, os Poderes se veem desconectados e vulneráveis. De outro,
os ataques se multiplicam, e os autores, inebriados com a súbita força
e fama, ganham a confiança e a desenvoltura de uma Lisbeth Salander
("Trilogia Millennium", do sueco Stieg Larsson).
Hipoteticamente e no limite: vai que um grupo desses se anima a daqui
a alguns anos invadir o sistema de controle aéreo?
Já aconteceu de brincadeiras evoluírem para tragédias.