Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, novembro 19, 2008

As centrais e suas idéias Fernando Rodrigues


Folha de S. Paulo - 19/11/2008

As centrais sindicais brasileiras enviaram uma carta a Lula. Fazem sugestões para enfrentar a atual crise financeira internacional. O documento é útil por dois motivos. Primeiro, para saber que existem seis centrais sindicais no Brasil. Segundo, por revelar o grau de desconexão da realidade por parte dos sindicalistas.
Para economizar papel e tinta, eis apenas as siglas das centrais sindicais brasileiras: CGTB, CTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT. A sopa de letras se robusteceu depois de Lula aceitar repassar parte do imposto sindical a essas organizações. Com dinheiro estatal, tudo fica mais simples e fácil.
Mas não tão rápido. A crise financeira entrou em sua fase aguda no início de setembro. Foram necessários mais de 60 dias para as seis centrais produzirem o seu "documento unitário", como foi batizado, e enviá-lo a Lula.
O texto parece obra empoeirada de alguém enroscado numa dobra do tempo anterior à queda do Muro de Berlim. Os sindicalistas falam sobre a "imposição dos dogmas do livre mercado" resultando em um "ambiente propício ao ganho fácil e à especulação das megacorporações multinacionais". O diagnóstico saiu na mesma semana em que o Citigroup anunciou o corte de 52 mil empregos neste ano.
Entre as 18 propostas apresentadas pelos sindicalistas, ressurgem as sombrias sugestões de "criar mecanismos de controle de fluxo de capital externo e de controle de câmbio" ou um "programa de substituição de importações para fortalecer o mercado interno".
A Grande Depressão da década de 30 se aprofundou porque os países adotaram políticas contra o comércio internacional. Essa é a receita das centrais: o Brasil deve se enclausurar e resolver as coisas sozinho. No longo prazo, o real seria extinto, estaremos todos comendo rapadura e fazendo escambo.

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