Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 02, 2006

VINICIUS MOTA Por que parou?

SÃO PAULO - Desde setembro de 2005, o Banco Central vem cortando a taxa básica de juros. Já abateu da Selic 6,5 pontos percentuais, trazendo-a para níveis historicamente baixos, embora ainda abusivos na comparação global. Mas a economia não deu mostras de reação, de acordo com os exames recentes.
Por que a política monetária foi eficiente ao concorrer para que o ritmo do crescimento caísse à metade entre 2004 e 2005, mas custa tanto a produzir o estímulo contrário? Para os críticos do BC, o time de Henrique Meirelles exagerou na dose dos juros lá atrás e foi comedido demais no passo do desafogo.
Acrescentam o argumento do "desvio de produção" para o exterior. O consumo aumenta (o que tem efeito positivo no PIB), mas, como o dólar está barato, boa parte desse acréscimo é suprido por produção importada (o que entra com sinal de menos na conta do IBGE).
Já os que defendem as opções do Copom dizem que, se o consumo em alta ainda não estimulou a indústria doméstica, foi mais em razão dos estoques elevados do que dos importados. Ponderam que as empresas produziram demais no fim de 2005 e início de 2006 e, enquanto não se livrarem do que estocaram, a produção não vai crescer.
Perguntam também se as lentes do IBGE capturam com precisão razoável a atividade. Notam que o comércio varejista vendeu em setembro volume 10% superior ao de um ano antes, exuberância que não vêem nas contas do PIB do terceiro trimestre. O instituto divulgará no início de 2007 uma revisão de seu metro para o PIB (nada se sabe dos novos critérios), o que pode ter impacto no diagnóstico sobre 2006.
Ao fim e ao cabo, os defensores do BC guardam um argumento na manga para o caso de o IBGE estar correto -e para o caso de a economia não acelerar bem, mesmo depois do corte substancial da Selic. "Não são os juros, estúpidos", dirão, convidando seus críticos a procurarem em outra freguesia as causas da letargia econômica brasileira.

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