Num Roda Viva com atuação impecável da jornalista Renata Lo Prete, editora do Painel da Folha, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) revelou-se por inteiro na noite desta segunda. Há tempos eu não via um programa render tanto. Afinal, não é toda hora que o presidente do principal partido de oposição diz que, sob certas condições, pode, sim, deixar de fazer campanha para o candidato de seu partido à Presidência em 2010. Indagado por Renata se apoiaria a eventual candidatura de Ciro Gomes, ele afirmou que sim, já que seu primeiro compromisso é com Ceará!!! Bem, como diria Padre Vieira, “pelo costume, quase se não sente”. Tasso fez campanha para seu amigo, então no PPS, em 2002, e, neste 2006, abandonou o tucano Lúcio Alcântara em seu Estado. Embora negue, ficou com Cid Gomes, irmão de Ciro.
O homem que, em dado momento, chegou a falar sobre a necessidade de rever os fundamentos e os postulados do PSDB depois da queda do Muro de Berlim não conseguia fugir um só minuto de sua aldeia. Fosse um tucano mixuruca, do bico quebrado, vá lá. Mas atenção: é nada menos do que o presidente da sigla. A autoridade partidária máxima afirmou que, se o Ceará pedir (isto é, se Ciro for candidato), ele não vota no candidato do seu próprio partido. Se ele não confia integralmente nos tucanos, por que os eleitores deveriam confiar? É um escárnio. Se permanecer na presidência da sigla, o PSDB estará escolhendo um destino: a irrelevância.
Mas prestem atenção! Tasso não ficaria com Ciro sob qualquer circunstância? Ah, isso não!!! Se o atual deputado federal do PSB continuar “com esse pessoal”, não dá. E revelou uma coisa ainda mais surpreendente: “Eu já falei isso a ele”. Entenderam? O presidente do PSDB já debateu com um possível adversário do PSDB as condições para trair o seu partido. Assistiaa à entrevista, no estúdio, José Aníbal (SP), deputado federal eleito por São Paulo e ninguém menos do que ex-presidente da legenda, e Paulo Renato Souza, também deputado eleito e ex-ministro da Educação.
Em qualquer partido do mundo — NOTEM BEM: DO MUNDO!!! —, tal presidente seria convidado a entregar o cargo. Não no PSDB. Não vai acontecer nada. Ora, é muito natural que o homem mais poderoso da sigla conspire abertamente contra ela. Franqueza não lhe falta, certo?
Indagado por Renata — sempre ela — se não foi um erro ter optado por Geraldo Alckmin em detrimento de José Serra, Tasso jurou de pé junto que não. E se saiu com uma explicação estupenda: ninguém ganharia de Lula. Como assim? Não entendi, então, se Alckmin foi escolhido apenas para boi de piranha, já que a derrota era certa, ou se o senador estava só tentado justificar a estupidez tucana: rejeitar quem tem o dobro para ficar com quem tem a metade. Estou inclinado a achar que é a segunda hipótese. E por que Lula era imbatível? Ah, por causa dos programas assistencialistas. Certo. Mas eles são bons ou são maus? Ou Lula deveria deixar de tê-los para que o PSDB pudesse ganhar eleições com mais facilidade?
Tasso negou ainda que seja dúbia, tíbia, ambígua e anfíbia a posição do PSDB na disputa pela presidência do Senado. Assegurou que todos os senadores tucanos, menos um, votarão em José Agripino Maia (PFL-RN). O presidente de partido que admite abandonar (de novo!) a própria legenda numa disputa presidencial negou que os tucanos façam corpo mole. Não sei, não. Até Tereza Cruvinel se mostrava decepcionada com a anemia oposicionista do partido. É um sinal de que o PSDB está mal de bico.
De novo, a aldeia
Se Renata se destacou no programa, é preciso observar que Sérgio Lírio, da Carta Capital, também. Editor de política da revista — que chamo de Cartilha Capital (a cartilha que existe...) —, tentou negar, ao vivo e em cores, o mensalão. Ruim de retórica, enrolou-se todo e se mostrou um amador no minocartismo. Mas encaixou uma boa pergunta, chance para Tasso dar mais uma resposta interessante. O senador criticava a postura do governo brasileiro no caso da Petrobras, roubada pelo governo boliviano. Lírio quis saber o que ele faria de diferente. Na resposta, o presidente do PSDB indignou-se: lembrou que o aumento do preço do gás prejudicava a siderurgia do Ceará...
Tasso é mesmo um homem preso a suas raízes. Até quando quando pensa questões de política externa, vê-se, tem no horizonte a vida dos seus conterrâneos. Ah, é verdade: elogiou FHC e Serra quando, respectivamente, presidente e ministro. Os dois, assegurou, foram muito bons para o... Ceará. E acusou Lula de não ser lá grande coisa para o Nordeste. Exemplo dado: a Sudene não saiu do papel.
Quem (re)inventou e anunciou a Sudene de papel foi Ciro Gomes, a Capitu do Ceará, que pode tragar Tasso quando quiser com seus olhos de ressaca.
O homem que, em dado momento, chegou a falar sobre a necessidade de rever os fundamentos e os postulados do PSDB depois da queda do Muro de Berlim não conseguia fugir um só minuto de sua aldeia. Fosse um tucano mixuruca, do bico quebrado, vá lá. Mas atenção: é nada menos do que o presidente da sigla. A autoridade partidária máxima afirmou que, se o Ceará pedir (isto é, se Ciro for candidato), ele não vota no candidato do seu próprio partido. Se ele não confia integralmente nos tucanos, por que os eleitores deveriam confiar? É um escárnio. Se permanecer na presidência da sigla, o PSDB estará escolhendo um destino: a irrelevância.
Mas prestem atenção! Tasso não ficaria com Ciro sob qualquer circunstância? Ah, isso não!!! Se o atual deputado federal do PSB continuar “com esse pessoal”, não dá. E revelou uma coisa ainda mais surpreendente: “Eu já falei isso a ele”. Entenderam? O presidente do PSDB já debateu com um possível adversário do PSDB as condições para trair o seu partido. Assistiaa à entrevista, no estúdio, José Aníbal (SP), deputado federal eleito por São Paulo e ninguém menos do que ex-presidente da legenda, e Paulo Renato Souza, também deputado eleito e ex-ministro da Educação.
Em qualquer partido do mundo — NOTEM BEM: DO MUNDO!!! —, tal presidente seria convidado a entregar o cargo. Não no PSDB. Não vai acontecer nada. Ora, é muito natural que o homem mais poderoso da sigla conspire abertamente contra ela. Franqueza não lhe falta, certo?
Indagado por Renata — sempre ela — se não foi um erro ter optado por Geraldo Alckmin em detrimento de José Serra, Tasso jurou de pé junto que não. E se saiu com uma explicação estupenda: ninguém ganharia de Lula. Como assim? Não entendi, então, se Alckmin foi escolhido apenas para boi de piranha, já que a derrota era certa, ou se o senador estava só tentado justificar a estupidez tucana: rejeitar quem tem o dobro para ficar com quem tem a metade. Estou inclinado a achar que é a segunda hipótese. E por que Lula era imbatível? Ah, por causa dos programas assistencialistas. Certo. Mas eles são bons ou são maus? Ou Lula deveria deixar de tê-los para que o PSDB pudesse ganhar eleições com mais facilidade?
Tasso negou ainda que seja dúbia, tíbia, ambígua e anfíbia a posição do PSDB na disputa pela presidência do Senado. Assegurou que todos os senadores tucanos, menos um, votarão em José Agripino Maia (PFL-RN). O presidente de partido que admite abandonar (de novo!) a própria legenda numa disputa presidencial negou que os tucanos façam corpo mole. Não sei, não. Até Tereza Cruvinel se mostrava decepcionada com a anemia oposicionista do partido. É um sinal de que o PSDB está mal de bico.
De novo, a aldeia
Se Renata se destacou no programa, é preciso observar que Sérgio Lírio, da Carta Capital, também. Editor de política da revista — que chamo de Cartilha Capital (a cartilha que existe...) —, tentou negar, ao vivo e em cores, o mensalão. Ruim de retórica, enrolou-se todo e se mostrou um amador no minocartismo. Mas encaixou uma boa pergunta, chance para Tasso dar mais uma resposta interessante. O senador criticava a postura do governo brasileiro no caso da Petrobras, roubada pelo governo boliviano. Lírio quis saber o que ele faria de diferente. Na resposta, o presidente do PSDB indignou-se: lembrou que o aumento do preço do gás prejudicava a siderurgia do Ceará...
Tasso é mesmo um homem preso a suas raízes. Até quando quando pensa questões de política externa, vê-se, tem no horizonte a vida dos seus conterrâneos. Ah, é verdade: elogiou FHC e Serra quando, respectivamente, presidente e ministro. Os dois, assegurou, foram muito bons para o... Ceará. E acusou Lula de não ser lá grande coisa para o Nordeste. Exemplo dado: a Sudene não saiu do papel.
Quem (re)inventou e anunciou a Sudene de papel foi Ciro Gomes, a Capitu do Ceará, que pode tragar Tasso quando quiser com seus olhos de ressaca.