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O agora deputado Raul Jungmann (MD-PE) já tinha um feito notável na biografia antes de iniciar sua carreira legislativa: foi o ministro da Reforma Agrária do governo FHC e conseguiu desarmar o gatilho no campo. Nos quatro de Lula, as invasões mais do que duplicaram — e também o número de mortes em conflitos por terra. E, no entanto, o MST o considerava um adversário. Mas o movimento é aliado da atual gestão. Faz sentido. João Pedro Stedile, o chefão dos sem-terra, manda no Incra. Isso é passado na trajetória de Jungmann. De lá pra cá, ele tem abraçado outras causas. E tem sido um exemplo de retidão, de coerência política, de dedicação ao Parlamento e, sobretudo, à causa democrática.
Jungmann é um dos representantes mais preparados do Congresso. Integra uma minoria de homens públicos que tem cultura política, que sabe conjugar o alcance teórico com a prática. Já discordei dele por ocasião do plebiscito sobre a venda de armas legais. Ele foi militante do “sim”, e eu, do “não”. Mas também se pode divergir por boas razões. Era, então, o caso. Nesses quatro anos como deputado federal — ele foi reeleito pelo PPS de Pernambuco —, nunca o flagrei defendendo uma causa ruim. Ao contrário.
Nesta entrevista ao blog, Jungmann diz por que decidiu se opor ao reajuste decidido pelas Mesas da Câmara e do Senado, que ele considera inconstitucional. Mas não se apega apenas à questão conjuntural: ele vislumbra uma verdadeira fratura entre o Congresso — ou, mais amplamente, os Poderes instituídos — e a sociedade. E, a meu ver, com absoluta correção, afirma que as oposições estão se tornando sócias e caudatárias desse descolamento. E alerta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o único a se beneficiar com isso: “A todo Messias populista interessa o entorpecimento das instituições, sua fragilização ou captura.” E indaga: “O que dizer das oposições? Qual o seu papel nesse jogo? Aliás, Reinaldo, passada a eleição, qual é o rumo da oposição, seu plano de vôo? Nem sequer um balanço da sua derrota ela fez! Lula e os seus ocupam toda a cena, com desenvoltura total. Como é que PSDB, PFL e o meu PPS entraram nesse jogo? A quem aproveita?”
Como se vê, Jungmann tem dado as respostas certas porque também tem feito as perguntas certas. Segue a entrevista.
Por Reinaldo Azevedo | clicar aqui