SÃO PAULO - Manchete do caderno Dinheiro desta Folha no domingo: "Renda da classe média cai 46% em 6 anos".
Comentário de Sílvio Meira para recente número da revista "Surcos", publicação chilena sobre desenvolvimento: "A história demonstra que é muito difícil que prospere um país que não tenha uma classe média estruturada econômica, social, cultural e politicamente. E a história demonstra que quem cria emprego em todas as áreas da economia do país é a classe média".
Meira é um vencedor: fundou o Cesar (Centro de Estudos e Sistemas Avançados de Recife), embrião de uma bem-sucedida área de tecnologia da informação em pleno Nordeste pobre brasileiro.
Anos atrás, em pleno boom dos anos Clinton, quando a economia dos EUA era a inveja do planeta, John Sweeney, presidente da central sindical AFL-CIO, dizia em Davos que o modelo dito liberal não era o responsável pelo êxito, que se deveria, entre outros fatores, a uma extensa classe média.
Sufocar a classe média é, pois, sufocar a potencial galinha dos ovos de ouro (que nem piar pia). Nos Estados Unidos, ao contrário, Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro (com Clinton), hoje professor de Harvard, constata para o jornal britânico "Financial Times" que os recém-eleitos congressistas "sentem enorme pressão para responder não apenas à insegurança econômica dos eleitores da classe média mas também ao que estes vêem como desproporcional progresso das elites corporativas". De fato, os lucros das corporações, como porcentagem do PIB, estão no nível mais alto em duas gerações.
E sua pressão sobre os congressistas (e o governo), cadê? Sem ela, você continuará ladeira abaixo (e o Brasil, "travado").
PS - Cinco dias de complemento de férias, para alívio geral.
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