Entrevista:O Estado inteligente

domingo, dezembro 10, 2006

CLÓVIS ROSSI De filósofos e de profissionais



SÃO PAULO - Uma das boas coisas das férias é permitir a leitura de textos que fogem algo da imersão no conjuntural.
Caso, entre outros, de artigo de Daniel Innerarity, professor de filosofia da Universidade espanhola de Zaragoza, para "El País".
Trata-se de um manifesto contra a "irrelevância" da política, já constatada, aqui no Brasil, pelo sociólogo Francisco de Oliveira.
Innerarity começa por descrever a política de uma maneira que dá a sensação de que ele acompanhou de perto as recentes eleições no Brasil:
"Boa parte do mal-estar que gera a política se deve precisamente à impressão que oferece de ser uma atividade pouco inteligente, de curto alcance, mera tática oportunista, repetitiva até o fastio, rígida em seus esquema convencionais e que só se corrige por cálculo de conveniência", escreve.
Depois, ergue o brado "contra os administradores oficiais do realismo", para "defender que a política não é mera administração nem mera adaptação, mas configuração, desenho dos marcos de atuação, adivinhação do futuro".
Continua: "Tem a ver com o inédito e o insólito, magnitudes que não comparecem em outras profissões muito honradas, mas alheias às inquietudes que provoca o excesso de incerteza".
Termina dizendo que "quem for capaz de conceber essa incerteza como oportunidade verá que a erosão de alguns conceitos tradicionais torna novamente possível a política como força de inovação e transformação".
Utópico talvez, mas certamente bonito, não é?
Pena que uma das coisas ruins das férias é que, mais cedo que tarde, volta-se à realidade brasileira, para verificar, de novo, que, aqui, política não é para filósofos, mas para profissionais. E você sabe de que tipo de profissionais estou falando, não é mesmo?

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