"O MST faz o que levaria outros para
a cadeia. Na qualidade de 'movimento
social', fica no entanto liberado de
prestar contas ao delegado"
Desconfie de movimentos que reúnem multidões de uniforme, carregando uma ideologia na cabeça e uma bandeira na mão. Fuja até de torcidas organizadas de futebol. Na semana passada, 12.000 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) chegaram a Brasília com sua Marcha Nacional pela Reforma Agrária. Saíram de Goiânia e levaram quinze dias nessa passeata, usando o uniforme do movimento – a camiseta com a sigla do MST e o boné vermelhos.
Não se deixe enganar pelas sandálias havaianas dos sem-terra. Nada existe de simplório no MST. Seus líderes desenvolveram uma sensibilidade especial para impor suas exigências por meio de ameaças. Sabem que essa ferramenta funciona, inclusive com o governo. Tanto que seus representantes foram recebidos na semana passada pelo presidente Lula, que colocou o boné do MST e teve de abrir um sorriso para a câmera fotográfica. Lula não pode renegar agora um movimento que certamente o incomoda, mas que sempre foi apoiado por ele. Ingenuamente, Lula ajudou a construir o mito e a mística do MST como movimento social e, portanto, inimputável.
O MST faz o que levaria outros para a cadeia. Na qualidade de "movimento social", fica no entanto liberado de prestar contas ao delegado. Os sem-terra invadem prédios públicos e fazendas produtivas. Mantêm empregados de propriedades rurais em cárcere privado. Roubam gado para fazer churrasco. Depredam instalações. Derrubam florestas. Agem como se não devessem explicações de nada a ninguém. Tão hábeis são os seus líderes para manipular a simpatia da opinião pública que não precisam mesmo se responsabilizar pelos abusos que cometem.
Uma parte dos brasileiros considera o MST um movimento destinado a dar terra a agricultores pobres – e ponto final. Outra parte já entendeu que o tema da distribuição de terra está hoje mais para pretexto do que para finalidade do MST. Não há mais latifúndios improdutivos para ser distribuídos. Nem que houvesse, o MST não os aceitaria. Quer a coisa pronta, com infra-estrutura já instalada. Não há terras improdutivas mas também não há tantos sem-terra como se imagina. Como eles não existem em número suficiente na vida real, o MST precisa inventá-los. Para isso, recruta soldados entre o lumpesinato urbano, gente miserável das periferias das cidades, com o objetivo de engrossar seu movimento político.
O movimento se recusa a adotar personalidade jurídica ou a constituir-se em partido para disputar poder no jogo institucional vigente. Em primeiro lugar, o MST não aprova o regime de democracia política e economia de mercado. Em nome de sua utopia socialista, luta pela transformação do Brasil numa Cuba de 180 milhões de habitantes. Nunca se viu sair bom resultado de multidões de uniforme, com bandeira ideológica e apego à ilegalidade. Os fascistas de camisa preta, os nazistas de camisa cáqui, os guardas vermelhos do camarada Mao são apenas alguns dos fantasmas que vêm à memória. O Brasil, cego à evidência, continua dando força ao MST, que conseguiu mais de 5,5 milhões de reais para financiar sua marcha até Brasília. Quem os financia e por quê?
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