Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, maio 11, 2005
MIRIAMLEITÃO :Sentimentos mistos]
O ministro Luiz Fernando Furlan chegou ontem no Fórum do Velloso com um sentimento misto: tinha boas notícias a contar, mas anda muito preocupado. “Quando vim aqui há um ano, o Brasil exportava US$ 83 bilhões por ano, agora exporta US$ 104 bilhões”, disse o ministro. Uma mudança que os economistas chamariam de “robusta”. Mas ele contou que algumas empresas estão cancelando os contratos de exportação por causa do câmbio.
O ministro José Dirceu também passou um sentimento misto:
— O Brasil tem grande potencial, grandes desafios e grandes limitações.
Na lista das limitações, ele incluiu o inevitável: o custo da previdência, o orçamento engessado, o gargalo da infra-estrutura. Um desses gargalos é a energia. José Dirceu disse que o governo está destravando várias hidrelétricas que estavam paradas. Entre elas, citou Barra Grande. Essa hidrelétrica é aquela que causa ainda a maior polêmica no Sul do país, porque, para começar a funcionar, terá que alagar quatro mil hectares de Mata Atlântica, metade em floresta primária com araucária. Detalhe, para quem não se lembra do caso: o Eia-Rima não dava nem pálida idéia do estrago ambiental. A ministra Dilma Rousseff, que falou mais tarde, confirmou que a opção pela produção de energia hidroelétrica vai ser aprofundada. Na lista dos empreendimentos com impasses resolvidos, não incluiu Barra Grande.
O ministro Paulo Bernardo chegou com uma boa notícia para contar. O Fundo Garantidor das PPPs já está constituído, é preciso decidir agora se é o BNDES ou o Banco do Brasil que vai gerir o fundo. Provavelmente os dois. Cinco projetos já estão escolhidos entre os mais viáveis. Agora é só pôr o bloco das PPPs na rua. Até outubro, os cinco editais estarão prontos, ele disse. Tem que correr, porque depois do edital na rua, muita água vai correr antes da contratação. A previsão do governo é que lá para março estará contratando as primeiras parcerias. Se por acaso o cronograma atrasar, não haverá mais PPP neste governo, porque, a partir de abril, nada mais pode ser assinado que signifique aumento de despesa para o próximo período presidencial.
O governo está com coisas boas para contar, mas não esconde que está preocupado com outras tantas más notícias. Ontem, antes das oito e meia da manhã, o ministro José Dirceu já havia ligado para o ministro Paulo Bernardo:
— Estamos apanhando muito nessa questão dos gastos, precisamos mostrar que não é bem assim.
Paulo Bernardo garante que os gastos com pessoal não subiram em relação ao governo anterior, pelo contrário, agora está sendo incluído na LDO um inédito limite para despesas e para a carga tributária.
Na parte da manhã, o ministro Furlan saiu do auditório do Fórum para dar uma rápida conferida na agenda do dia em sua sala.
— Agora eu tenho a minha sala no BNDES; o ambiente é bem mais agradável — disse, referindo-se à sua boa relação com o presidente do banco, Guido Mantega.
Na sala, a assessora entregou a ele o dado da média de exportação de ontem.
— Está tudo bem por enquanto. O dado de ontem confere com a média do fechamento diário das exportações, mas já tenho notícias de empresas que não estão renovando contratos para exportação por causa do câmbio — afirmou.
Na mesma sala, ele recebeu durante a tarde alguns empresários, entre eles os do grupo ThyssenKrupp, que querem instalar no Brasil uma siderúrgica voltada apenas para a exportação. O ministro diz que tem sentido o entusiasmo dos empresários murchando nesse processo de queda constante do dólar.
O tema do Fórum deste ano é “China e Índia, como desafio e exemplo”. Carlos Lopes, representante do Pnud no Brasil, disse que o Brasil na comparação com os países-baleia tem vários paradoxos a enfrentar e que explicam a constante interrupção do processo de crescimento:
— Um dos problemas é a decadência da infra-estrutura; outro, o gasto social improdutivo, que faz com que o país gaste muito na área social sem o resultado que se espera e outro problema é a resistência em definir um padrão de crescimento de sustentabilidade ambiental. O que é estranho já que o Brasil é o país que tem a maior reserva biológica do planeta. Lopes, com a experiência de quem é da ONU, avisou que países-baleia assustam vizinhos, “que temem ser engolidos como plânctons”. Sábias e oportunas palavras. Lá em Brasília, naquela mesma hora, Néstor Kirchner batia pé e abandonava no meio a reunião de cúpula.
No Fórum, está tudo misturado. Há problemas urgentes, como câmbio e juros. Aflições permanentes atrasam o país na busca do crescimento acelerado, como os impasses das contas públicas. E problemas antecipados, como as brigas eleitorais do ano que vem. Comparada com China e Índia, a nossa democracia é o grande ativo. Dá legitimidade às escolhas. A China vive na ditadura, a Índia tem um sistema eleitoral antigo, mas comprometido pelo sistema de castas que criou uma multidão de miseráveis. No Brasil, a obsessão pelo palanque — seja do governo, seja da oposição — pode comprometer a visão de longo prazo que o país precisa manter.
O GLOBO
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