O Brasil é um dos países com menor índice de globalização e caiu quatro pontos na última pesquisa. Isso é o que está no ranking do Globalization Index da AT Kearney, que será divulgado hoje no Brasil pelo vice-presidente da empresa, Paul Laudicina. Ele acha que o Brasil tem chance de avançar no ranking pelo aumento crescente do seu comércio externo. No front interno, a novidade ontem foi a operação entre Casino e Pão de Açúcar. Abilio Diniz garante que sua empresa não foi desnacionalizada. "Esta empresa é minha vida, meu coração e minha alma."
A operação Casino-Pão de Açúcar mostra que deveria existir também a expressão "chegar à francesa". O grupo francês chegou em 1999, devagarzinho, e comprou uma participação no maior supermercado de capital nacional. De lá para cá, o Pão de Açúcar fez várias aquisições no mercado interno, inclusive o grupo Sendas. Agora os franceses compraram ações para chegar aos 50%. Perguntei a Abilio Diniz se uma divisão assim tão paritária do capital não provocaria crise de governança. No impasse, quem decide?
— Eu terei o voto de Minerva — garante.
O resultado da operação de quase US$ 1 bilhão será o saneamento financeiro do grupo, a capitalização e planos arrojados. Só este ano, o grupo vai abrir oito hipermercados e 21 supermercados. Em quatro anos, serão 40 novos hipermercados e 120 supermercados. Quem está perdendo a corrida é outro francês, o Carrefour. O Brasil pode ter ficado menos globalizado, mas Abilio Diniz está mais francês: como parte do pagamento, receberá US$ 200 milhões em ações da Casino, virando o quinto maior acionista.
Paul Laudicina veio ao Brasil para lançar o estudo que põe o país como um dos dez piores do mundo. Estão no ranking 62 países e o Brasil é o número 57.
— Nós não medimos a força econômica dos países, mas, sim, a capacidade de integração desse país com o mundo através de vários indicadores econômicos, comerciais, participação nos acordos internacionais, adesão às missões de paz da ONU, contribuição aos organismos internacionais, percentual de pessoas conectadas — explica Laudicina.
Se a globalização é um bom ou mau evento, depende da avaliação de cada um. Há quem considere que o processo aprofunda a desigualdade do planeta, há quem acredite que ela é inevitável conseqüência da tecnologia e a AT Kearney está convencida de que ela pode induzir modernizações nos países.
Seja como for, o estudo da empresa mundial de consultoria, que produz alguns notáveis indicadores como o índice de investimento estrangeiro, o FDI Index, diz que a globalização avançou em 2003 — ano em que se baseia o relatório de 2005. Aquele ano, como todos se lembram, foi o ano em que os Estados Unidos passaram o trator em cima da ONU, iniciaram uma guerra e provocaram reações dos consumidores, como a dos da Alemanha contra produtos made in USA . Pelos critérios do indicador, o índice dos Estados Unidos deveria estar em queda, mas subiu do 7 para o 4 lugar. Pela primeira vez, estão entre os cinco primeiros.
— Parecia que o processo de integração mundial iria recuar, mas, no segundo semestre daquele ano, o comércio cresceu 5% e houve aumento no processo de globalização — comenta Paul Laudicina.
Um dos dados que elevaram o ranking dos Estados Unidos foi o percentual de americanos conectados: em 2003, o país estava com 59% da sua população na internet.
O Brasil está lá no fim da fila, mas muito bem acompanhado. A China está no número 54. Eu perguntei a Laudicina, como explicar o fato de a China estar 21 degraus atrás de Uganda no Índice de Globalização. Ele insistiu que o indicador não mede nem mesmo a atratividade de um mercado. Isso quem diz é o FDI Index, no qual a China está em primeiro, como o país que mais atrai o capital estrangeiro. Para esta avaliação, é usado um mix de indicadores econômicos, pessoais, de engajamento político do país no mundo, comércio, investimento, viagens e turismo, adesão a tratados internacionais.
— Nós trabalhamos com os dados disponíveis e agregamos esses dados. Achamos que o resultado é útil para os países e os estudiosos. No caso da China, eu também estou entusiasmado com as perspectivas. Os dados mostram que 100 milhões de chineses se urbanizaram recentemente, mas 900 milhões deles permanecem na área rural — contou.
O estudo também explica que os grandes países, como o Brasil e a China, são menos integrados. Cingapura, o campeão do ranking, é um país pequeno, uma ilha-plataforma de negócios e comércio. Quem vive no Brasil sabe como é veloz o processo de integração do país ao mundo; qualquer que seja a medida. Algumas assustam muita gente, como o risco de desnacionalização das empresas, que levou a AmBev e pode estar levando o Pão de Açúcar. Segundo Abilio Diniz, ele continua no comando.
— A empresa continua brasileira, tem cultura própria e vai continuar assim. Pelo contrato, ficarei no comando mais oito anos, e então eles poderão, ou não, exercer a opção da compra do controle — diz o atlético Abilio, que, nem de longe, parece que tem 68 anos.
O GLOBO
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