Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, maio 03, 2005

LULA NO PALANQUE

É possível dizer que, desde sua eleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva jamais desceu do palanque. Nos últimos 28 meses, Lula continuou a exercitar regularmente seus dons de líder de massas, com calorosos improvisos, recheados de metáforas populares, muitas promessas e também alguns deslizes. Mais recentemente, entretanto, essa incontível vocação de Lula vem assumindo notório -e apressado- caráter eleitoral, como se constatou em seu discurso do Dia do Trabalho.
No púlpito, por ocasião de uma missa celebrada em São Bernardo do Campo, o primeiro mandatário realizou um balanço de sua administração e prometeu que até 2008 cumpriria o "compromisso" de levar energia elétrica aos 12 milhões de residências que ainda não são beneficiadas por esse serviço básico.
Por mais que o ministro da Casa Civil, José Dirceu, tenha se apressado em dizer que Lula se referia a um "programa de governo e não do seu governo", a conotação eleitoral da promessa é flagrante. Embora o sistema político brasileiro tenda, por ocasião das eleições municipais, a antecipar movimentações com vistas aos pleitos para a Presidência e os governos de Estado, seria de esperar que o Planalto trabalhasse para evitar uma campanha precoce.
Não é o que se observa. Ao contrário, o próprio presidente vai se encarregando de renovar os sinais de que a reeleição já está na agenda do governo. Não é casual que a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), o ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) e o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Luiz Marinho, também tenham aproveitado o 1º de Maio para defender um segundo mandato para Lula.
Seria recomendável que esse ímpeto eleitoreiro fosse guardado para a ocasião adequada. Há coisas muito mais importantes para o país neste momento do que a obsessão petista de reeleger o presidente -a começar pelo deplorável espetáculo encenado no Congresso, onde o governo, na defensiva desde o desastroso episódio da eleição do presidente da Câmara, não consegue avançar em matérias relevantes, dedicando-se simplesmente a obstruir votações.
EDITORIAIS DA FOLHA DE S.PAULO

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