Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, maio 19, 2005

Lucia Hippolito :Estratégia de risco


"Terça-feira, o presidente da República reuniu-se em almoço com os líderes dos partidos da base aliada. Ontem, tomou café da manhã com o presidente da Câmara e os líderes de todos os partidos representados no Congresso.
Com esses dois movimentos, Lula assume oficialmente a linha de frente da articulação política, chamando a si a responsabilidade de recompor a base governista, que virou pó, mas chamando também a si a responsabilidade pela reconstrução de relações pelo menos civilizadas entre Executivo e Legislativo.
A desarticulação política está custando uma fortuna para o país, ainda mais com este novo aumento da taxa de juros. São projetos que aguardam votação, medidas provisórias que trancam a pauta, leis já aprovadas que aguardam regulamentação. Enfim, a paralisia e a desorganização na área política estão começam a contaminar os resultados econômicos.
Ao assumir a ofensiva na articulação política, o presidente Lula adotou uma estratégia de risco. Para ele, pode ser uma experiência importante, já que nunca fez política partidária.
Até hoje, Lula só fez política sindical. Outros cuidavam da política partidária para ele, que só entrava para sacramentar acordos.
Mas pode ser também uma experiência frustrante. Lula não gostou de ser deputado, não tem paciência para longas conversas políticas, para negociações que se arrastam.
E se o governo começar a sofrer derrotas, não há mais ninguém a quem apelar. O presidente da República é a última instância. Se ele se coloca como parte do processo de articulação política, e se esta fracassa, o fracasso será depositado na sua porta.
Na estréia do presidente como articulador político, a oposição conseguiu muito mais do que o número mínimo de assinaturas necessárias para a instalação da CPI mista para investigar a corrupção nos Correios e Telégrafos.
Ano passado, a CPI para investigar as estripulias de Waldomiro Diniz foi abafada por obra do senador José Sarney, então presidente do Senado.
Mas agora, se o governo for vitorioso em uma nova operação abafa, conseguindo que um número expressivo de parlamentares retire a assinatura, inviabilizando assim a instalação da CPI dos Correios, será uma vitória pessoal do presidente Lula."
Blog do Ricardo Noblat

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