Lucia Hippolito: Até quando, não se sabe

"Em princípio, está marcada para a próxima quarta-feira, dia 25, véspera do feriadão de Corpus Christi, a leitura oficial da abertura da CPI mista sobre a corrupção nos Correios.
A solenidade vai acontecer no Senado, porque se trata de uma CPI mista, de deputados e senadores.
Isto significa que até lá poderão ser retiradas e colocadas assinaturas ao pedido de abertura de CPI.
O jogo vai ser pesado. Aliás, já está sendo.
O ministro José Dirceu, antes de ir passear no Japão com o presidente Lula, entrou prá valer na operação abafa, tentando convencer parlamentares a retirar a assinatura no pedido de CPI.
Ontem de manhã, a artilharia do governo funcionou, e quatro deputados do PL retiraram seus nomes.
Mas durante a tarde outros tantos assinaram o pedido, de modo que por enquanto a iniciativa do ministro José Dirceu está sendo coroada de fracasso.
Assim como também está sendo coroada de fracasso a tentativa de intimidar os parlamentares, sob o argumento de que o governo poderá ser prejudicado com a CPI, mas o Congresso será muito mais.
O argumento é perverso, mas é pobre.
O governo, com exceção do presidente da República, compõe-se tradicionalmente de pessoas não eleitas. Ao contrário, no Legislativo só entra quem tem voto. Portanto, o Congresso sabe perfeitamente que é refém da opinião pública.
Já o Executivo pode promover muitas operações abafa, porque depende apenas da eleição do presidente da República.
Por isso mesmo, a estratégia de marketing da presidência tem sido descolar o presidente Lula de seu governo.
Os parlamentares podem ser desmoralizados, o governo pode continuar paralisado. Para o marketing presidencial, Lula paira acima de tudo isso.
Até quando, ninguém sabe.
BLOG Ricardo Noblat