Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 14, 2005

FERNANDO RODRIGUES:O atraso de Lula

 BRASÍLIA - O governo Lula deu mais um passo nesta semana para sacramentar o maior retrocesso institucional político-eleitoral dos últimos tempos. Abriu a porteira para que seja derrubada a verticalização. Há indicações claras de que o presidente da República e o PT estejam sendo enganados nesse processo pelo maior interessado, o PMDB.
A verticalização exige o mínimo dos políticos. Que sejam coerentes. As coligações para presidente da República têm de ser respeitadas nos Estados. Quando não são reproduzidas, não podem ser esquartejadas por alianças diferentes.
O PMDB foi a Lula e ameaçou. Renan Calheiros (ex-PC do B, ex-Collor, ex-Itamar, ex-FHC e hoje pró-Lula) disse que estava difícil segurar a candidatura presidencial peemedebista com a verticalização.
Aconselhado pelo seu entorno genial no Palácio do Planalto -José Dirceu, Aldo Rebelo e outros-, o presidente acreditou na ameaça do PMDB. Na quarta-feira, foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara a emenda constitucional que permitirá o vale-tudo aliancista em 2006. O texto já passou no Senado. Está a um passo de ser chancelado pelos deputados.
O PMDB tem dois ministérios e dezenas de cargos importantes no governo. Ao pressionar pelo fim da verticalização, sinaliza que deseja mais: mesmo apoiando (sic) Lula, pretende traficar influência pelos Estados, onde negociará com quem der mais pelo seu apoio em 2006.
Lula aceitou candidamente. Não ocorreu ao presidente que poderia ser só um blefe. O que faria o PMDB sem cargos e benesses no governo? Nada. Essa turma precisa de governo como um ser vivo necessita de oxigênio.
PFL, PSDB, PTB, PL, PP e outros soltaram rojões. Por meio da ameaça do PMDB, assistem a Lula legislar a favor da oposição. Se fosse só isso, tudo bem. O problema é o Planalto colaborar para atrasar os partidos institucionalmente. E Lula parece não ter percebido nada até agora.
folha de s paulo

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