Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, maio 09, 2005

FERNANDO RODRIGUES:A fisiologia ingênua do PT



BRASÍLIA - O PT federal está prestes a cair numa armadilha. Um retrocesso institucional-político para o país. O entorno de Lula já o convenceu de que vale a pena derrubar a verticalização. O enterro está marcado para esta semana, na Câmara.
A verticalização exige que os partidos tenham alianças coerentes. Algo como "obrigar" um fã do Corinthians a torcer pelo seu time nos campeonatos paulista e brasileiro. Justo.
No mundo real, significa que se o PT e Lula receberem o apoio do PMDB em 2006, as duas siglas terão a opção de ficar juntas ou separadas nos Estados. Mas não poderão estar em coligações de partidos que são adversários no plano federal.
Lula se convenceu de que o PMDB lhe negará apoio se a verticalização for mantida. Pior, acha que os peemedebistas estão prestes a dar sustentação à candidatura presidencial de Anthony Garotinho. Balela.
O que move o PMDB é garantir liberdade para suas traficâncias nos Estados. No Piauí, o intelectual Mão Santa quer negociar com quem desejar na disputa estadual. Em São Paulo, vale o mesmo raciocínio para Orestes Quércia e Michel Temer, que se dizem candidatos ao Palácio dos Bandeirantes. O cenário se repete em quase duas dezenas de Estados.
Se a verticalização for mantida, o PMDB não tem para onde correr. Lançará Garotinho? Pode ser. O Planalto também pode retirar já os ministérios dos peemedebistas. Ao contrário, Lula só pensa em dar mais e mais sinecuras para essa gente.
É curiosa a administração federal petista. Pratica uma fisiologia ingênua. Dá os cargos ao PMDB, mas não exige contrapartida.
Renan Calheiros (ex-PC do B, ex-Collor, ex-Itamar, ex-FHC e hoje pró-Lula) quer o fim da verticalização. Fez uma ameaça: "Manter a verticalização é o mesmo que dizer que o PT e o governo não desejam o PMDB na chapa da reeleição". Lula acreditou. É chocante a desconexão do presidente com a realidade.
FOLHA DE S PAULO

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