Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, maio 23, 2005

FERNANDO RODRIGUES :A crise política transborda

 SEUL - Lula deve chegar hoje à noite aqui em Seul, capital da Coréia do Sul. Ficará até sábado na Ásia. Sua visita se estende a Tóquio e Nagóia, no Japão. Chegou a convidar 12 de seus 36 ministros para a viagem. Um evidente exagero. Mas as autoridades japonesas e coreanas se resignaram e começaram a se preparar.
No final, de fato, só cerca de metade dos ministros anunciados aparecerá nas cerimônias. A prioridade foi permanecer no Brasil para ajudar a abafar a CPI dos Correios. Essa desidratação da comitiva brasileira não chegou a provocar um mal-estar entre os diplomatas coreanos e japoneses -nem deveria. Mas já começa a aparecer na mídia local que a instabilidade política na administração Lula está transbordando para a sua área operacional.
Falta de previsibilidade, cancelamentos em cima da hora, desorganização. Eis aí três coisas que não combinam com a cultura oriental.
Um dos pontos altos dessa viagem de Lula seria promover as vantagens da mistura do etanol brasileiro à gasolina japonesa. A lei que permite essa associação já foi aprovada pela Dieta (Parlamento) do Japão. O que falta? É necessário garantir que o etanol será produzido e fornecido por um longo período, sem risco de falta de abastecimento.
O pior pesadelo dos motoristas de Tóquio é trocar os árabes pelos usineiros brasileiros sem receber vantagem em troca -no caso, a certeza de que o combustível não escasseará num futuro próximo.
É evidente que a vinda ou não de um ministro na comitiva de Lula não é razão para que negócios deixem de ser fechados. OK. Mas as mudanças de última hora têm o sabor do velho Brasil, que improvisa e ainda é imaturo para certos compromissos. O desafio do presidente é demonstrar que mudou o país que governa.
Não bastará uma propaganda à la Duda Mendonça para lustrar a imagem. São necessários atos concretos. Daí, como se sabe, é outra história.
folha de s paulo

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