O Estado de S.Paulo - 08/12
De
quando em quando, a economia brasileira apresenta algumas surpresas. A
mais recente é a descoberta - não para os técnicos, mas para os leigos
em demografia - da existência de quase 10 milhões de jovens, um em cada
cinco brasileiros de 15 a 29 anos, que nem trabalham, nem estudam. É a
já denominada geração nem-nem.
Os levantamentos do IBGE indicam
que 70,3% desses inativos são mulheres, das quais 58,4% têm ao menos um
filho; 32,4% não completaram nem o ensino fundamental e, principalmente,
são jovens de famílias de baixa renda que ainda moram com os pais. A
seguir, você tem a avaliação do problema por conhecedores de Economia do
Trabalho e Demografia.
O professor José Pastore, especialista em
Economia do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP), não vê
justificativa para que uma parcela tão significativa da juventude
brasileira esteja na inatividade. Ele entende que esse fenômeno é o
resultado da falta de instituições que garantam capacitação e
experiência adequada. "As leis brasileiras não dão chance para eles." Os
altos custos trabalhistas não favorecem a contratação de inexperientes e
isso inibe a oferta de emprego para os jovens. Pastore sugere a
disseminação de contratos de formação e treinamento, voltados para
aqueles que nunca trabalharam.
Para o professor José Márcio
Camargo, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-Rio), a raiz do problema é a baixa qualidade do ensino infantil e
fundamental. "É uma situação que compromete a capacidade de qualificação
profissional do jovem, o que o marginaliza do mercado de trabalho."
Na
média, cada ano adicional de estudos reduz em dois pontos porcentuais a
probabilidade de que o jovem abandone a escola ou deixe de trabalhar. A
estimativa é da economista Joana Monteiro, da Fundação Getúlio Vargas
(FGV). Ela não considera tão extraordinário que jovens com filhos
estejam nessa condição. "Ficar em casa para cuidar de um filho é, no
mínimo, uma opção, independentemente da renda e do grau de escolaridade
que tenha uma pessoa." Para ela, esse grupo não deveria sequer ser
considerado inativo e muito menos um problema econômico. Ainda assim, o
fato de uma jovem ter um bebê aumenta em 23 pontos porcentuais sua
probabilidade de passar à inatividade, avalia ela. Essas jovens mães têm
dificuldades tanto para encontrar emprego como para frequentar a
escola.
Ela critica também a extensão da faixa etária utilizada
aqui no Brasil para essa classificação. Jovens entre 15 e 17 anos não
deveriam fazer parte da geração nem-nem, porque deveriam estar apenas
estudando. E após os 25 anos, as pessoas não deveriam mais ser
consideradas jovens, mas plenamente adultos. Por esse critério, a faixa
de inativos no Brasil cairia de 9,6 milhões para 3,2 milhões de pessoas.
Em
todo o caso, não está claro o que se passa na cabeça desses jovens nem
como se sustentam. Os números mostram os segmentos mais vulneráveis, mas
não são um retrato fiel do que está por trás da decisão de permanecer
na casa dos pais, sem perspectiva de melhorar o nível educacional e
profissional. Mas, certamente, é um fenômeno demográfico que produz
impacto relevante sobre a produtividade e o futuro do País.
Entrevista:O Estado inteligente
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