FOLHA DE S. PAULO
RIO DE JANEIRO - Estamos com um pepino em Tegucigalpa. Foi o que disse para apressar um debate e correr para o Congresso. Zelaya entrara na Embaixada do Brasil. Nesses momentos, discute-se a responsabilidade ou concentra-se em resolver uma situação delicada.
Política externa no Brasil não dá nem tira um mísero voto. Mas nossa importância está crescendo no mundo. Com ela, cresce a audácia de seus formuladores. O egípcio Farouk Hosni, que tanto criticamos, foi abraçado orgulhosamente por Lula e Amorim. Perdeu a eleição na Unesco. Quanto mais criticávamos a escolha, mais assumiram que era esse o caminho correto.
Já pedi asilo, já levei amigos que se asilaram e visitei outros que foram acolhidos. Conheço um pouco esse processo. Não acredito na versão. Mas é preciso contribuir para que o governo saia dessa situação delicada. Mesmo porque a melhor maneira de influenciá-los não passa pela crítica. De um modo geral, sentem-se feridos e empacam.
Manter a integridade de nosso prédio e das pessoas é uma causa comum. A outra é impedir que Zelaya transforme a representação brasileira numa sede de governo. A partir dessas premissas, é possível que o pior seja evitado.
Há uma chance de que a crise se arraste até as eleições. Nesse caso, o problema seria resolvido pelo novo governo, investido do voto popular.
Vamos jogar paciência. Se Honduras não se importa que Zelaya fique um tempo, como declarou Micheletti, se Zelaya não se importa em ficar calado, há uma ampla margem de manobra.
Num outro país, talvez fosse possível influenciar o governo a partir do Congresso. Aqui é difícil. Há uma santíssima trindade que tudo sabe, tudo vê, tudo decide. Se optou por um salto no escuro é preciso ajudá-la. Caso contrário, a saída é tomar um porre com Farouk em Charm El Sheik.