O Estado de S. Paulo - 24/09/2009 |
Começa hoje em Pittsburgh, Estados Unidos, mais uma reunião de cúpula dos chefes de Estado do Grupo dos 20 (G-20), do qual faz parte o Brasil. O objetivo é consolidar a agenda comum de contra-ataque à crise, iniciada em novembro passado, em Washington, e retomada no encontro de abril realizado em Londres. Não dá para insistir, como alguns têm feito, em que esses eventos só têm servido para produzir mais uma foto oficial que sai nos jornais no dia seguinte e para os jogos de cena de políticos dependentes do voto popular. Embora tenham espalhado muita espuma, a verdade é que essas reuniões têm ajudado a incutir credibilidade no sistema financeiro mundial debilitado e a reverter a crise. Tanto quanto das outras vezes, a reunião que começa hoje enfatiza as divergências de foco entre os chefes de Estado. O presidente Obama parece mais interessado em lidar com as grandes distorções do sistema global de pagamentos (veja o Confira). O presidente da França, Nicolas Sarkozy, insiste em acabar com os paraísos fiscais, como se eles tivessem alguma coisa a ver com o estouro das bolhas. E as autoridades dos países emergentes pedem pressa na reforma do Fundo Monetário Internacional. Desta vez, o risco é o de que as autoridades sucumbam às pressões dos banqueiros, crescentes no mundo inteiro, para que sejam rechaçados os projetos de lei em discussão nos Parlamentos com o objetivo de aumentar a regulação e a supervisão das instituições financeiras, itens que já fizeram parte das resoluções de cúpulas anteriores. Os bancos querem liberdade para seguir inventando esquisitices financeiras e garantir bônus bilionários a seus diretores. Eles argumentam que o aumento de capital, a formação de provisões e as novas exigências que impõem mais transparência tirarão a capacidade de competir ante as instituições financeiras do resto do mundo. Embora se possa dizer que, em assim agindo, os bancos terão perdido sua finalidade social e até mesmo econômica, como já foi admitido pelo presidente do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, é compreensível que os banqueiros queiram garantir retorno máximo. O que não pode é as autoridades capitularem da função de colocar um bom cabresto em instituições que, além de produzirem dinheiro, podem colocar em risco a saúde econômica e financeira da sociedade. A necessidade de controles mais eficientes não é apenas consequência da necessidade técnica de evitar novas crises. Decorre da determinação oficialmente já definida de que instituições cuja derrocada possa criar risco sistêmico (quebra em cadeia) não podem falir. O desastre do Lehman Brothers, há um ano, parece ter demonstrado que sai mais barato despejar dinheiro na salvação de um banco do que reparar depois os estragos de um naufrágio assim. Ora, a contrapartida desse princípio é a exigência de controles mais rígidos. Sem eles, quaisquer bancos se sentirão à vontade para novas atuações irresponsáveis, porque sabem que a mãezona Estado comparecerá para consertar tudo depois. O que se vai ver agora é até que ponto as autoridades estão dispostas a enfrentar lobbies cada vez mais fortes e cada vez mais capazes de chantagear os poderes constituídos. CONFIRA A mãe das crises - O presidente Obama tem razão em querer atacar os desequilíbrios globais, que aumentaram o endividamento dos Estados Unidos, criaram a enorme liquidez global, a derrubada dos juros de longo prazo e a formação de bolhas. O problema é que esses desequilíbrios exigem ações de longo prazo: desvalorização do dólar, aumento do consumo dos países emergentes (mais o da Alemanha) e revalorização do yuan chinês. Não acontecem do dia para a noite. Na medida em que se apega a ações que não são para já, Obama foge do tema do momento: a maior regulação dos bancos. |
Entrevista:O Estado inteligente
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