O Estado de S. Paulo - 29/09/2009 |
A principal consequência pode ter sido menos tangível, mas nem por isso menos importante: a consolidação de um entendimento de que, numa economia globalizada, as decisões não podem ser tomadas independentemente, país por país, chefe de Estado por chefe de Estado. Vai sendo entendido que é preciso coordenar globalmente as grandes políticas e isso tem agora de ser feito num âmbito mais amplo do que apenas o dos países ricos (G-8). Ou seja, é preciso incluir no círculo de tomada de decisões e de implantação de providências também as potências emergentes (G-20). Isso vai limitar o exercício de soberania dos Estados nacionais. Mas, nesse ambiente tão interdependente, a governança tem de ser exercida em rede. O que acontece ou deixa de acontecer num país tem impacto nos outros e isso não vale apenas para as questões ambientais. Na prática, significa que as políticas monetárias, políticas fiscais e todo o aparato de acompanhamento e supervisão das instituições financeiras têm de ser coordenados. Uma importante consequência disso será o aumento da rigidez na condução de políticas econômicas. Ainda que os partidos políticos majoritários de um país concluam que "é preciso mudar tudo o que está aí", como pensava o PT no passado, não vai ser possível revirar drasticamente essas políticas. E, isso, não só porque contrariaria acordos, mas também porque é preciso levar em conta o impacto no resto do mundo e não só no próprio quintal. A forma como os grandes bancos centrais manejam a política monetária (política de juros), por exemplo, tem enorme impacto sobre toda a economia global. É fato sabido que uma das principais causas dessa última crise foi a decisão tomada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de manter os juros muito baixos, ao redor de 1% ao ano, no período entre 2002 e 2004. Os juros no nível do mar, por sua vez, aconteceram porque não havia inflação a combater, e entre as razões para isso estava aquela que tinha a ver com a política comercial entre Estados Unidos e China, que derrubou os preços dos produtos asiáticos. Os grandes bancos centrais acreditavam até aqui que tinham total autonomia para injetar ou retirar o volume que bem entendessem de recursos do mercado e, no entanto, suas decisões têm forte impacto recíproco. O presidente do Banco da Inglaterra (banco central inglês), Mervyn King, queixa-se de que juros mais baixos nos Estados Unidos põem em movimento enormes operações de arbitragem (tomar emprestado a juros mais baixos para ganhar com a reaplicação a juros mais altos) que prejudicam sua própria política. De mais importante entre as decisões tomadas está a de submeter os bancos aos padrões de segurança recomendados pelos acordos de Basileia. Mas, levando-se em conta que isso não é para já, foi dado o prazo até 2012 para completar o processo. E, outra vez, faltou uma ação que apontasse para a superação da distorção maior, a mãe de todas as crises, que é o forte desequilíbrio no balanço de pagamentos entre as potências globais. Confira Sem revoada - A captação líquida da caderneta em setembro (até o dia 22) é quase 40% superior à do mesmo período de agosto. Mas não se viu a temida debandada de aplicações da renda fixa para as cadernetas em consequência da baixa dos juros. Nem é tão certo que haverá. |
Entrevista:O Estado inteligente
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