DVDs
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DVD Caramelo: universo libanês abordado com vivacidade e delicadeza |
CARAMELO (Sukkar Banat, Líbano/França, 2007. Imovision)
• Em um pequeno salão de beleza de Beirute, cruzam-se as histórias de diversas mulheres – a que está para casar e esconde do noivo que já não é virgem; a divorciada que tem medo da meia-idade; a senhora solitária obrigada a cuidar da irmã demente; a homossexual enrustida; e principalmente Layale, que despreza as atenções de um policial cavalheiresco ao mesmo tempo em que parte seu coração em um romance com um homem casado. Não é que entrechos como este não tenham sido filmados antes. Mas o que torna o trabalho de estreia da diretora Nadine Labaki (também intérprete da beldade Layale) tão especial são a vivacidade e a autenticidade dos personagens, além da maneira firme, porém delicada, com que ela põe de lado as distinções entre libaneses cristãos e muçulmanos, reafirmando a ideia de que há muito mais a uni-los do que a separá-los.
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DVD Tom Jones: adaptação irreverente do clássico de Henry Fielding |
AS AVENTURAS DE TOM JONES (Tom Jones, Inglaterra, 1963. Versátil)
• Filho ilegítimo de uma empregada, Tom Jones é criado por um senhor de terras inglês com todos os privilégios, mete-se em um sem-número de aventuras – sempre pulando de cama em cama – e, no final, descobre sua verdadeira origem. A adaptação do romance do escritor Henry Fielding (1707-1754), roteirizada e dirigida pelo dramaturgo Tony Richardson, é um exemplo da irreverência salutar que os ingleses por vezes aplicam aos seus clássicos literários: ele usa recursos do cinema mudo, congela imagens para que o espectador possa apreciar um detalhe, põe os protagonistas para falar com a plateia – e chega assim ao coração satírico da obra original. Foi premiado com o Oscar de melhor filme, em não menor medida graças à interpretação vibrante de Albert Finney para o personagem-título.
LIVROS
A MULHER PERDIDA, de Tim Winton
(tradução de Juliana Lemos; Argumento; 440 páginas; 56 reais)
• Já conhecido no Brasil por Fôlego, notável romance em que o aprendizado do surfe serve de pano de fundo para uma história sobre a dura passagem da adolescência para a idade adulta, o australiano Tim Winton, neste novo romance, examina as zonas sombrias de um casamento. Fred Scully reforma uma velha casa de campo na Irlanda, à espera do dia em que sua mulher, Jennifer, e a filha de 7 anos venham da Austrália para morar com ele. A ideia de ganhar a vida no interior da Irlanda foi da mulher, durante uma viagem pela Europa. No dia combinado, porém, apenas a filha desembarca do avião. Jennifer desaparece sem dar notícias, e Fred Scully vai percorrer a Europa continental, seguindo faturas de cartão de crédito, na tentativa de reencontrá-la. Winton sabe extrair toda a tensão e o suspense que essa busca propicia. Trecho do livro.
O UNITÁRIO, de Pedro Puech (Rocco; 240 páginas; 32 reais)
• Em um período de violentas divisões religiosas na Europa, o médico e teólogo espanhol Miguel Servet (1511-1553) teve o azar de cair em desgraça tanto com a Igreja Católica quanto com os protestantes. Morreu na fogueira, condenado como herege pelos calvinistas, na Suíça. O médico paulista Pedro Puech, professor de cirurgia vascular da Universidade de São Paulo, pesquisou extensamente a vida de Servet para compor este romance histórico. O narrador é um jovem médico judeu, Benjamin, que viaja pela Europa, sob identidade falsa, para investigar as descobertas científicas que Servet fez sobre a circulação do sangue. Ao lado de Benjamin, personagem fictício, desfilam figuras célebres da época, como João Calvino e Michelangelo. Trecho do livro.
SOBRE O QUE NOS PERGUNTAM OS GRANDES FILÓSOFOS, de Leszek Kolakowski (tradução de Tomasz Lychowski e Henry Siewierski; Civilização Brasileira; 392 páginas, em três volumes; 39,90 reais cada volume)
• Morto em julho, aos 81 anos, o filósofo polonês foi um herói da dissidência intelectual do comunismo. Sua versão do marxismo, heterodoxa e nada autoritária, não batia com a linha do PC polonês – e por isso ele perdeu seu emprego na Universidade de Varsóvia e teve de buscar o exílio, em 1968. Publicados originalmente em 2004, muito depois do rompimento do autor com o comunismo, os três livrinhos que chegam agora ao Brasil não dizem respeito a Marx. Cada um deles traz dez nomes fundamentais da filosofia ocidental, como Platão, Descartes e Kant. Em ensaios breves, acessíveis e elegantes, Kolakowski apresenta o cerne do pensamento de cada filósofo. Longe de qualquer resumo simplificador, o ensaísta busca definir, sobretudo, as questões fundamentais levantadas pelos pensadores. Cada um dos trinta textos encerra-se em aberto, com uma pergunta. Trecho do livro.
EXPOSIÇÃO
The State Russian Museum 2009 |
EXPOSIÇÃO Autorretrato de Malevich na mostra Virada Russa: engolido pelo comunismo |
VIRADA RUSSA (em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo)
• No começo do século XX, uma geração genial de artistas da Rússia rompeu com a tradição e abraçou o modernismo. Mas não só: muitos deles buscaram fundar uma arte que espelhasse a utopia socialista. Como atesta esta mostra (que agora chega a São Paulo, depois de passar por Brasília e Rio de Janeiro), as vanguardas russas passaram à história não só por seu legado artístico fenomenal, mas também por serem vítimas do monstro que ajudaram a embalar. Artistas como Kasimir Malevich, um dos pais do abstracionismo, foram esmagados pelo comunismo. A sala devotada a esse nome central do período reúne desde suas telas abstratas, com temas geométricos, até um autorretrato em que Malevich representa a si próprio em trajes de artista da Renascença, numa paródia do figurativismo que ele desprezava. Proveniente do Museu Russo de São Petersburgo, o acervo de 123 obras contempla ainda da pintura onírica de Marc Chagall ao construtivismo de Tatlin e Rodchenko. Galeria de imagens.
A|B#] – A] posição do livro na semana anterior |
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