Folha de S. Paulo - 10/12/2008 | |
O BRASIL dos seis primeiros anos do governo Lula terá crescido, na média anual, o dobro do registrado durante os anos FHC. O resultado decerto ajuda a explicar os 70% de popularidade do presidente, mas nem de longe esgota a explicação dos motivos do prestígio luliano. Nem permite prognósticos binários, preto ou branco, a respeito da influência do baque do ano que vem no projeto político do governismo. O muito provável tombo de 2009 terá reflexos econômicos diferentes nas diversas camadas sociais. De resto, a interpretação política que os diversos grupos sociais darão ao resfriamento do clima econômico também deve ser diferente. Há mais cidadãos pobres um tanto mais protegidos das intempéries econômicas do que havia sob FHC. Ainda haverá até 2010, mesmo que o governo contenha a expansão de gastos previdenciários, em bolsas sociais e no mínimo, embora os benefícios sociais não se esgotem aí. Apesar das críticas, coisas como o ProUni e eletrificação são percebidas como um progresso para quem não tinha luz alguma. O estoque acumulado de bens duráveis nas casas mais pobres será uma memória viva de anos de bonança. Enfim, tais benefícios devem parecer, aos mais pobres, a maioria absoluta e qualificada, um sinal do cumprimento do contrato político e social que Lula lembra todos os dias em seus palanques, goste-se ou não do seu populismo ou de sua política econômica ou outras -não interessa, no caso. Afora a hipótese de depressão mundial, de catástrofe que pudesse desorganizar a economia brasileira (crise cambial, fiscal, recessão), o governo Lula ainda tem muito tempo e margem de manobra para reforçar seu capital político. Isso mesmo que o espantoso resultado do PIB seja seguido por quedas duras nos próximos seis meses. Espantoso, sim. Se a economia encolher 1% neste trimestre (ante o anterior), a alta do PIB em 2008 ainda ficará em 5,8%. Os números do crescimento de ontem não apenas indicam que sabemos muito pouco sobre a economia brasileira, que parece crescer de modo desembestado se há um mínimo de estabilidade. O Brasil praticamente entrava em ritmo coreano de crescimento. Mas, na hipótese de não ter havido o desastre mundial de setembro, tal balada era claramente inviável. A demanda doméstica estava contribuindo com mais de oito pontos percentuais para um PIB que crescia a 6,3% anuais. Metade disso era investimento, decerto, mas o "déficit externo" parecia explosivo, com inflação no teto da meta (o setor externo "tirou" 2,6 pontos percentuais do PIB nos últimos quatro trimestres). Lula estava entre deixar a economia desembestar em direção a um tumulto de fabricação caseira ou teria de segurar o crescimento, o que o BC estava pronto para fazer. Se não vier catástrofe, Lula poderá tirar proveito da crise, pois, como tem feito. O "ajuste" será em parte imposto pela crise mundial, que de fato não é "nossa", e assim poderá ser faturada politicamente. Por fim, as condições de recuperação são boas. A fatia do investimento no PIB é recorde em décadas, assim como as condições financeiras (fiscal e dívida externa). A crise será dura em 2009, mas manejável, se o governo não for muito inepto, em especial na área fiscal. |
Entrevista:O Estado inteligente
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