NOVA YORK. Com a situação econômica se deteriorando a cada dia que passa, e faltando ainda intermináveis 45 dias para a posse, o presidente eleito Barack Obama está se desdobrando para ocupar os espaços políticos que revelem uma tendência do que será o seu governo sem se envolver diretamente com a solução da crise, para não receber culpas indevidas nem atrapalhar o que resta de governabilidade na Casa Branca. Mas, justamente pela gravidade da situação, ele procura demonstrar que está em ação durante a transição, enquanto o presidente George Bush continua a cada dia mais se enterrando nas derradeiras declarações políticas.
Ontem, depois dos números trágicos das demissões em novembro, que chegaram a 6,7% dos trabalhadores e podem ir a 9% até o final do ano — perda de 533 mil empregos, o pior número desde dezembro de 1974 —, ele admitiu pela primeira vez que o país está mesmo em recessão, o que acontece há um ano e foi oficialmente anunciado esta semana pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, um instituto de economia dos EUA responsável por definir quando o país está oficialmente em recessão, e quando esta chegou ao fim.
Obama é o presidente que está definindo mais rápido seus principais assessores, já escolheu 13 dos 24 cargos de primeiro escalão.
Antes dele, apenas Bush pai montara seu governo de maneira rápida — escolhera oito de seus ministros até esta data —, mas vinha de suceder um correligionário, o ex-presidente Ronald Regan, de quem fora vice por oito anos, e tinha uma equipe em atuação para sua escolha.
E a população está gostando da hiperatividade do futuro presidente. Uma pesquisa de opinião divulgada ontem pela CNN mostra que 75% dos cidadãos aprovam as escolhas feitas até agora para o primeiro escalão do governo, sendo que a escolha mais polêmica, a da senadora Hillary Clinton para a Secretaria de Estado, tem a aprovação de 70% dos pesquisados.
A preocupação, e até mesmo o desencanto de muita gente com as escolhas centristas do presidente eleito Barack Obama, não refletem a opinião da maioria da sociedade, que está aprovando essa postura mais equilibrada na nomeação de seu ministério.
A revista inglesa “The Economist” diz que as escolhas de Obama estão aliviando os grupos que temiam que o futuro governo fosse muito para a esquerda, mas muitos eleitores deles podem estar decepcionados.
Os que esperavam mudanças radicais, inclusive de nomes, estão frustrados, mas o próprio Barack Obama se encarregou de responder a esses, dizendo que a mudança de atitude do governo depende de suas orientações, e ela acontecerá com essa equipe de experientes servidores públicos.
A presença da senadora Hillary Clinton na Secretaria de Estado certamente não é uma mudança política, mas a maneira como a política externa americana será conduzida certamente representará uma mudança em relação à visão de mundo dos neoconservadores que dominavam a política externa dos Estados Unidos no governo Bush.
Com a montagem de um governo centrista e bipartidário, Barack Obama está conseguindo até se aproximar do Partido Republicano, que, mais que simplesmente aliviado com seu comportamento político, já tem uma parte se dizendo disposto a ajudá-lo no Congresso.
A permanência de Robert Gates à frente do Pentágono também ajudou a acalmar os republicanos, que vêem nessa escolha uma garantia de que a segurança nacional não será negligenciada.
Com a vitória do senador Saxby Chambliss na Geórgia, no segundo turno da disputa, os republicanos conseguiram barrar a possibilidade de os democratas atingirem 60% das cadeiras do Senado, o que lhes proporcionaria a rara oportunidade de impedir que a minoria fizesse qualquer tipo de obstrução, garantindo assim a aprovação das medidas econômicas com rapidez.
Mas é previsível que senadores do Partido Republicano se prontifiquem a votar com os democratas em determinados assuntos urgentes, como o futuro plano de estímulo da economia, que deve ser apresentado ao Congresso logo depois da posse, em 20 de janeiro.
A maneira como Obama está montando sua equipe também demonstra claramente que ele está pacificando internamente o Partido Democrata, a começar pela parte que tem a liderança da senadora Hillary Clinton. Barack Obama, aliás, está adotando a mesma estratégia para dentro de seu partido que o ex-presidente Bill Clinton, e os dois têm a mesma razão para isso: nem Clinton nem Obama eram as escolhas da cúpula partidária nas eleições que venceram.
Bill Clinton foi eleito presidente em novembro de 1992, acabando com 12 anos de gestão republicana na Presidência.
Mas foi escolhido candidato depois que as principais lideranças democratas desistiram, especialmente o governador de Nova York, George Cuomo, por não acreditarem na possibilidade de derrotar Bush pai devido à sua popularidade após a Guerra do Golfo.
Desta vez também a preferida da direção partidária era a senadora Hillary Clinton, e as primárias eram consideradas apenas uma etapa para referendar sua candidatura.
Tendo vencido sem o apoio inicial do partido, Obama tratou de uni-lo, trazendo para dentro de seu governo todos os principais competidores: Joe Biden foi escolhido vice-presidente, Hillary Clinton será a secretária de Estado, o governador do Novo México, Bill Richardson, será o ministro do Comércio.
Unindo o partido, o presidente eleito tem o controle do Congresso, já que, assim como no primeiro governo Clinton, os democratas têm a maioria tanto na Câmara quanto no Senado.
E-mail para esta coluna: merval@oglobo.com.br
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