Entrevista:O Estado inteligente

sábado, dezembro 06, 2008

Crime Assalto milionário a joalheria em Paris

Assalto de 108 milhões de dólares

Com perucas e vestidos de mulher, quatro homens roubam
uma das mais luxuosas joalherias de Paris, a Harry Winston.
Foi o maior assalto da história da França


Duda Teixeira

Patrick Kovaril/AFP

CASO DE POLÍCIA
Fachada da Harry Winston assaltada, em Paris: jóias usadas pelas estrelas do show business e pela rainha da Inglaterra

Assaltos dessa magnitude e ousadia em geral só ocorrem nos filmes de Hollywood. No fim da tarde de quinta-feira da semana passada, dois casais entraram pela porta da frente da joalheria Harry Winston, uma das mais caras de Paris. À primeira vista, eles pareciam pertencer à freguesia normal da loja da sofisticada Avenida Montaigne – ou seja, clientes ricos e estrangeiros. Logo se viu que algo estava errado. As mulheres eram na realidade dois homens disfarçados com perucas e vestidos, e todos estavam armados. Enquanto dois dos assaltantes obrigavam os vendedores a colocar as peças expostas em sacos, um terceiro acompanhou o gerente até o cofre, no qual estavam guardadas as jóias mais valiosas. Nenhum tiro foi dado, ainda que os assaltantes tenham distribuído algumas coronhadas. Eles deixaram a joalheria vinte minutos mais tarde, sempre pela porta da frente, levando mercadorias no valor de 108 milhões de dólares. Foi o maior assalto da história da França e um dos mais lucrativos roubos a joalherias de todos os tempos.

A polícia francesa tem poucas pistas dos ladrões. A Harry Winston – rede americana que há seis décadas é sinônimo de diamantes e tem entre seus clientes estrelas do show business e a rainha da Inglaterra – foi vítima de uma quadrilha altamente profissional. Os assaltantes de Paris, por exemplo, sabiam o nome dos quinze funcionários da loja e as gavetas em que as peças mais caras estavam guardadas. "Ou um dos empregados vendeu essa informação ou eles passaram um tempo aprendendo os nomes, visitando a loja antes", disse a VEJA o americano Michael Lee, que tem uma consultoria especializada em segurança em Houston, nos Estados Unidos. Algumas testemunhas disseram que eles falavam apenas francês. Outras acreditam que usavam um idioma estrangeiro entre si, talvez o servo-croata falado na antiga Iugoslávia. Ou mesmo o russo. O quarteto fugiu a toda a velocidade em motos, que tinha deixado estacionadas a poucos metros da joalheria.

A cifra gigantesca faz com que o assalto em Paris seja o segundo maior roubo de jóias da história recente – mas só se os 102 milhões de dólares em gemas roubados na Holanda três anos atrás forem atualizados pelo câmbio do momento. Naquele assalto, dois homens armados que vestiam uniformes da empresa aérea holandesa KLM renderam os motoristas de um caminhão no aeroporto de Amsterdã e saíram tranqüilamente com um baú recheado de diamantes. Em 2003, um grupo saqueou o Centro de Diamantes de Antuérpia, na Bélgica, e levou 100 milhões de dólares. Em comum nos três casos, os assaltantes aparentavam profundo conhecimento da rotina das vítimas. As peças roubadas provavelmente terão como destino o mercado negro do Leste Europeu. Lá ninguém pergunta a origem de uma jóia vendida por preço camarada.

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