O presidente Lula descobriu o crédito como instrumento de ação política.
E entendeu também o contrário disso. Entendeu que o estancamento e o aumento de custo do crédito podem sabotar politicamente um governo.
Financiamento farto e barato aumenta o consumo, num momento em que as classes médias crescem no País. Isso é bom para todos: para o trabalhador, que melhora seu padrão de vida; para as empresas, que aumentam seu faturamento; e para o mercado de trabalho, que garante mais emprego.
Quanto mais farto e barato o crédito, mais fácil fica garantir apoio político. O trabalhador que troca de TV e paga suas prestações sente que melhorou de vida e, assim, fica mais disposto a apoiar o Lula-lá. Quando o crédito emperra, a vida fica mais difícil e o principal candidato a culpado é o governo. "Todas as medidas que acabamos de tomar são para facilitar o crédito", avisou o presidente.
O governo entendeu que não há apenas a crise. A atuação dos bancos está sabotando o crédito enquanto funciona como correia de transmissão de apoio político. Em algumas semanas, sem que os juros básicos e o custo de captação tivessem aumentado, graças ao regime de oligopólio de que desfrutam, os bancos aumentaram seu rendimento nas operações de crédito. (O Confira mostra o que já vinha acontecendo.)
Mais do que isso, Lula percebeu que os dois maiores bancos de varejo diretamente sob controle do governo federal, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, fazem seu jogo sem olhar para o que pede o governo. Em vez de acionarem sua capacidade de manobra (cobrem 40% do crédito no País) para baixar o custo dos tomadores de crédito, trabalham em direção oposta. Estão entre os que mais cobram pelas tarifas e pelo crédito.
O mercado de crédito ainda é nanico no Brasil. Equivale a apenas 40% do PIB, quase uma insignificância diante da proporção atingida em outros países. Nos Estados Unidos, é de 284%; na Coréia do Sul, 98%; e no Chile, 67%.
Esse segmento atrofiou aqui nos anos 80, quando o rombo do governo passou a ser coberto não mais com emissão de moeda, mas com aumento da dívida pública. Foi quando o Tesouro avançou sobre o crédito e não deixou quase nada para o setor privado.
A partir de 2003, a dívida pública foi controlada e agora está abaixo de 40% do PIB. Foi o que abriu espaço para a ampliação do crédito ao setor privado. Lula teve o mérito de estimular o crédito consignado (cujos encargos são pagos diretamente do salário e da aposentadoria) e de empurrar o financiamento habitacional.
Mas talvez não tenha percebido que essa expansão não pode ser aproveitada plenamente como vantagem política se antes não for atacada a questão de fundo, que é a encrenca fiscal. Como ficou dito, só a partir do momento em que a dívida pública foi enquadrada é que se abriu espaço para o crescimento do crédito.
Não foi apenas o crédito interno que cresceu. O fortalecimento dos fundamentos da economia melhorou, também, o externo. E foi esse segmento que, nas últimas semanas, foi travado pela crise, o que fez grandes empresas recorrerem ao crédito interno. A partir daí, os bancos se sentiram à vontade para cobrar da arraia miúda o quanto queriam. E o jogo ficou politicamente inaceitável.
Entrevista:O Estado inteligente
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