THE TUDORS (Estados Unidos; Sony; 2007) • Na recente voga de dramas televisivos de tema histórico, a série criada por Michael Hirst (também roteirista dos longas-metragens Elizabeth e Elizabeth– A Era de Ouro) não se compara, em carga dramática ou nos cuidados da reconstituição, com Roma, da HBO. Mas sua versão do reinado de Henrique VIII tem um inegável charme. Produzido pelo canal americano Showtime, conhecido pelo conteúdo picante de seus programas, The Tudors é, digamos, um retrato íntimo da corte inglesa no século XVI. Entre conspirações palacianas e discussões teológico-políticas, a série encontra sempre um pretexto para xeretar as atividades da alcova real. O irlandês Jonathan Rhys Meyers faz um Henrique VIII arrogante e caprichoso nas suas deliberações políticas – e sexualmente insaciável. Esta primeira temporada leva a ação até em torno de 1530. O rei aparece insatisfeito com seu casamento estéril com Catarina de Aragão (Maria Doyle Kennedy) – e já anda envolvido com Ana Bolena (Natalie Dormer).
LIVROS
RAINHA DA MODA, de Caroline Weber (tradução de Maria Luiza de X. de A. Borges; Jorge Zahar; 472 páginas; 69 reais) • Em seus dias finais na prisão, em 1793, a rainha deposta fez questão de guardar uma muda de roupa limpa, que seria usada no caminho até a guilhotina. Foi o último cuidado de Maria Antonieta na construção de sua imagem pública. Neste livro saboroso, a crítica e historiadora americana Caroline Weber, da Universidade Columbia, analisa em detalhes o uso político que a rainha fez da moda. De origem austríaca, Maria Antonieta usou os vestidos extravagantes e os penteados altos – os famosos poufs – para se afirmar na corte francesa, em grande parte hostil à rainha estrangeira. A estratégia até funcionou – mas também produziu resultados trágicos: as indumentárias dispendiosas ajudaram a colar em Maria Antonieta a pecha de "Madame Déficit", e logo ela se tornaria um símbolo da devassidão monárquica. Leia trecho.
A LEI DE PARKINSON, de C. Northcote Parkinson (tradução de Silveira Sampaio; Nova Fronteira; 116 páginas; 34,90 reais) • Publicado nos anos 50 do século passado, este livro logo se tornou um clássico da literatura sobre administração pública, embora seu estilo satírico seja pouco comum na área. A lei referida no seu título – criação do historiador inglês Northcote Parkinson (1909-1993) – reza que "o trabalho aumenta a fim de preencher o tempo disponível para a sua conclusão". Daí se seguem vários princípios na aparência contraditórios, mas que esclarecem os mecanismos pelos quais a burocracia governamental se movimenta sempre para beneficiar a si mesma. Esta reedição de A Lei de Parkinson – há décadas ausente das livrarias brasileiras – foi motivada por uma coluna do jornalista Villas-Bôas Corrêa no Jornal do Brasil,texto que vai reproduzido na orelha do livro. O colunista lembra que o governo Lula, com seu inchaço de ministérios e cargos, comprova a atualidade de Parkinson. Leia trecho.
Os mais vendidos
A americana Kim Edwards teve a idéia de escrever O Guardião de Memórias (tradução de Vera Ribeiro; Sextante; 368 páginas; 39,90 reais) quando o pastor de sua igreja lhe falou de um homem que só tarde na vida descobriu ter tido um irmão deficiente, morto em um asilo. No romance de Kim, o caso ganha contornos ainda mais dramáticos: a mulher de um médico tem um casal de gêmeos, mas a menina tem síndrome de Down. O médico a despacha para uma instituição e mente para a mulher, dizendo que a menina nasceu morta. Décadas se passam até que esse segredo é finalmente revelado. Há sempre algo de artificioso nesses enredos de separação na infância (o leitor tem de aceitar, por exemplo, que uma mãe em luto se conformaria em jamais ver o corpo de seu bebê natimorto). Mas Kim é segura na sua narrativa, que comove sem ser demasiadamente lacrimosa. No Brasil como nos Estados Unidos, O Guardião de Memórias tornou-se um best-seller à margem da atenção da crítica, só pelo boca-a-boca dos leitores. E até que faz por merecer esse sucesso.
DISCO WHERE THE LIGHT IS: JOHN MAYER LIVE IN LOS ANGELES,John Mayer (Sony/BMG) • Em seus discos de estúdio, John Mayer se mostrou um compositor, cantor e guitarrista de blues tecnicamente competente – mas o rapaz não chegava a empolgar. Neste álbum duplo, gravado ao vivo em Los Angeles, Mayer mostra o que realmente pode fazer, munido de guitarra ou violão. O ponto alto do disco fica para o hit de 2006,Waiting on the World to Change, canção de protesto com envolventes batidas de R&B. O repertório também inclui, entre as faixas I Don’t Need No Doctor e Gravity, preciosas palinhas deI’ve Got Dreams to Remember, um clássico do soul composto por Otis Redding, e uma bela versão acústica de Free Fallin, canção de Tom Petty que foi tema da trilha sonora de Jerry Maguire, estrelado por Tom Cruise em 1996. |
Entrevista:O Estado inteligente
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