Olimpíada | Perfil O físico de Michael Phelps, o tubarão americano,
Se fosse um país, apenas no ranking das medalhas de ouro na última Olimpíada, Phelps estaria à frente de nações como Brasil, Noruega, Holanda, Suécia, Canadá, Argentina e Chile. Ele só não ficou em primeiro lugar em Atenas nas provas dos 200 metros livres e no revezamento 4x100 livre. Na entrevista de terça-feira, o atleta negou ter dito que sua meta nesta Olimpíada seja ultrapassar o recorde, há 36 anos imbatível, do nadador Mark Spitz, que ganhou sete medalhas de ouro na Olimpía-da de Munique. "Quem disse isso foram vocês, da imprensa. Só quem sabe quais são as minhas metas nestes Jogos somos eu e o meu treinador", disse. Na verdade, não se trata de um segredo tão difícil assim de descobrir, uma vez que o atleta vai competir em oito provas e ninguém acredita que tenha se inscrito nelas para perder. Phelps não está acostumado com isso. Sua história seria até bastante comum (é filho de um policial e de uma diretora de colégio, os pais se separaram quando ele tinha 9 anos, foi diagnosticado como portador de déficit de atenção no mesmo período, mora sozinho em Baltimore e tem um cachorro chamado Herman), não fosse o fato de que, desde os 15 anos de idade, ele vem quebrando recordes com a naturalidade de quem escova os dentes. O primeiro foi nos 200 metros borboleta, em Austin, no Texas. O segundo acon-teceu no ano seguinte, no Campeonato Mundial de Fukuoka, no Japão. A partir daí, Phelps não parou mais: aos 23 anos, o atleta já quebrou 25 recordes mundiais e quatro olímpicos. Phelps tem determinação de ferro e um corpo que faz dele um quase anfíbio. A medida da abertura de seus braços é maior do que sua altura, o que faz com que ele consiga "puxar" mais água do que os outros. Os pés, tamanho 46, por serem 15 graus mais flexíveis do que a média, funcionam como uma espécie de pés-de-pato naturais. Suas pernas também são mais curtas que o normal e, portanto, oferecem menos resistência à água. Phelps ainda tem uma capacidade de recuperação fora do comum. Enquanto a maior parte dos nadadores, depois das competições, costuma apresentar uma média de 10 a 15 milimols de ácido láctico por litro de sangue, Phelps tem apenas 5,6. Isso permite que ele consiga disputar mais provas do que os outros nadadores em menor espaço de tempo. Diz-se de Phelps que seu único ponto fraco é o sono. O superstar das piscinas não guardaria boas relações com as manhãs. Como as provas de natação em Pequim ocorrerão cedo, alguém lhe perguntou se isso não iria afetar seu desempenho. "Isto é uma Olimpíada", respondeu o atleta. "Você tem de estar preparado para competir a qualquer hora: manhã, noite, meio-dia, meia-noite, não interessa." Não será a luz matinal que impedirá Phelps de continuar cumprindo o seu destino: o de ser um tubarão cujas presas são as medalhas de ouro.
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