Mais um truque chinês?
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Há quem ache que é pura dor-de-cotovelo. Depois que a equipe feminina de ginástica artística dos Estados Unidos foi derrotada pela da China, os americanos levantaram dúvidas a respeito da idade de duas ginastas da equipe adversária: He Kexin(em primeiro plano) e Jiang Yuyuan. Insinuaram que as meninas teriam apenas 14 anos, e não 16, como exigem as regras olímpicas para a modalidade. He Kexin é a ginasta que, na etapa de classificação, caiu quando se apresentava nas barras assimétricas, justamente sua especialidade. Pode até ser que tenha 16 anos, mas que não parece, não parece. Quando as câmeras a flagraram enxugando uma lágrima e engolindo um soluço, os torcedores de toda a China tiveram vontade de pegá-la no colo. Os americanos só se acalmaram quando suas ginastas ficaram com o ouro e a prata na competição individual.
O inferno é a outra
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Primeiro, foi o namorado, Luca Marin, que a francesa Laure Manaudou (à esquerda)perdeu para a italiana Federica Pellegrini. Em seguida, lá se foi o título de recordista na prova dos 400 metros nado livre. Era de Manaudou, passou a ser de Pellegrini. O golpe de misericórdia aconteceu na segunda-feira, quando a francesa e a italiana – que tem fama de baladeira e um tantinho maluquete – dividiram a mesma piscina no Cubo d’Água. Pellegrini ficou com um honroso quinto lugar. Manaudou terminou em último e deixou o ginásio às lágrimas. Dois dias depois, a italiana ganhou o ouro nos 200 metros nado livre, batendo o recorde mundial. Na quinta, na semifinal da prova dos 200 metros nado de costas, a francesa viu escorrer pelo ralo a sua chance de recuperar o orgulho e a reputação: ficou na lanterninha outra vez.
Sem medalha e sem sorvete
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Quem acha que o treinador da equipe olímpica de ginástica artística brasileira, Oleg Ostapenko, é durão não conhece a sua assistente – a magra, ereta e silenciosa Iryna Ilyashenko, ucraniana como ele. Depois da inédita classificação das brasileiras na final por equipes, Irina prometeu que, caso elas conseguissem o quinto lugar, no mínimo, ganhariam não um, mas dois sorvetes como prêmio. Para atletas acostumadas a uma dieta de míseras 900 calorias por dia, dois sorvetes equivalem quase a uma medalha de ouro. Pegaram o oitavo. Além do preparo das concorrentes, pesou no resultado o nervosismo das brasileiras. Jade (foto), em sua primeira Olimpíada, assustou-se com o assédio da imprensa, com o tamanho do ginásio e com a presença de atletas de peso: ficou com cara de choro o tempo todo. O resultado nos tablados não foi a única decepção da equipe. Ao fim da competição, perguntada se as meninas não teriam direito a pelo menos um sorvete, Iryna respondeu com uma palavra só: "Non".
Jonne Roriz/AP | A terceira que é primeira Na porta da casa na cidade-satélite de Ceilândia, no Distrito Federal, a mãe pendurou uma faixa amarela onde se lia: "Minha filha Ketleyn Quadros está na Olimpíada de Pequim 2008". Na semana passada, a cabeleireira Rosemary Quadros teve outro motivo para se orgulhar da filha judoca. Ao derrotar no tatame a australiana Maria Pekli,Ketleyn (sim, o pai era fã da atriz Kathleen Turner) tornou-se a primeira brasileira a ganhar uma medalha olímpica em um esporte individual. O judô nacional está fazendo boa figura em Pequim: além de Ketleyn, os judocas Leandro Guilheiro e Tiago Camilo voltarão para casa com um bronze na mochila.
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Vá ser popular assim na China
Gerald Herbert/AP |
Antes de chegar à China, o presidente americano George W. Bush cumpriu o protocolo: na escala tailandesa, criticou o governo chinês pelas constantes violações dos direitos humanos. Uma vez em Pequim, ele se deu o direito humaníssimo de assistir à abertura da Olimpíada (a-do-rou), à primeira vitória do nadadorMichael Phelps (na foto, com a medalha)e ao jogo de basquete entre a seleção dos Estados Unidos e a do país anfitrião. Foi muito aplaudido pelo público em todas as ocasiões. Pelo jeito, os chineses são mesmo antípodas do Ocidente. Antes de ir embora, Bush comentou, com a sagacidade habitual: "A coisa toda é muito genuína".