Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 16, 2008

Olimpíada A NBA invade os Jogos

Olimpíada | Basquete
O amigo americano

O torneio olímpico de basquete, organizado
pela NBA, ilustra como Estados Unidos e China
são parceiros inseparáveis


Mario Sabino, de Pequim

Lucy Nicholson/Reuters
O vôo de Lebron James
Enquanto os americanos enterram a bola, os chineses enterram o passado

A seleção de basquete dos Estados Unidos não se sente em casa em Pequim. Ela está em casa. Exímios na arte da falsificação, ao construírem o ginásio Wukesong, os chineses poderiam ter emulado as arenas onde são disputados os jogos da NBA, a liga de basquete profissional americana. Mas não. Os organizadores da Olimpíada contrataram o arquiteto David Manica, o mesmo que ergueu o ginásio do Houston Rockets (time do ídolo Yao Ming), para projetar o Wukesong. Resultado: tem luminoso que volteia a arquibancada, placar de várias faces dependurado no teto e visão perfeita da quadra, não importa se o espectador comprou assento no poleiro, lá no alto, ou atrás de uma das tabelas, lá embaixo. O que já seria ótimo ficou melhor ainda, porque os chineses também recorreram à NBA para organizar o espetáculo.

Mark Dadswell/Getty Images

Beijing Dream
A platéia sonha com as chinesas e também com as loiras importadas


Entre outros aspectos, a liga encarregou-se do audiovisual das apresentações e da interatividade com o público. Em linguagem humana, isso significa que a música, combinada às imagens nos painéis, é muito animada, os shows de acrobacia com bolas de basquete são deliciosos – e, sim, há animadoras chinesas em saiotes ou shortinhos apertados (bem como loiras importadas do outro lado do Pacífico). Todas formando um grupo chamado Beijing Dream Dancers, que, em alguns intervalos, para dar sabor local, até concede fazer coreografias com leques. É impressionante como saiotes e shortinhos podem encobrir o kitsch.

Se você torce o nariz para a "estética americana", pule esta página. A gente gosta. A gente, aqui, são os 450 milhões de chineses que acompanham, com maior ou menor assiduidade, os jogos da NBA, segundo estimativa da liga. O sucesso adquiriu tamanha proporção que, em janeiro, foi criada a NBA China. A empresa cuidará de milionárias operações de marketing e da construção de 800 000 quadras de basquete. A admiração dos chineses pelos jogadores americanos – fantásticos! – excede o nacionalismo. Na partida entre as seleções de ambos os países (a maior audiência televisiva da história do basquete), Kobe Bryant, LeBron James e companhia enfiaram um 101 a 70 no time de Ming sob aplausos da platéia. Em quadra, fica bem claro que Estados Unidos e China, ao contrário de adversários, são parceiros inseparáveis. Enquanto o primeiro enterra a bola, o segundo enterra o passado.

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