O Globo |
7/8/2008 |
Rosa: "Eu quero viajar mais, eu quero passar um tempo fora estudando. Dá pra chegar no fim do mês com o orçamento tranqüilo, mas a gente sempre quer alguma coisa melhor." A frase, de uma moça, promotora de eventos, encerrou reportagem do "Jornal da Globo", edição de terça-feira, sobre a emergência da classe média, apontada em pesquisa da FGV. A escolha da personagem, um achado, levanta as questões corretas. Quem é Rosa? Uma pessoa egoísta, preocupada apenas com sua situação individual? Ou um agente de transformações sociais e econômicas para o país? Não há exclusão. Rosa desempenha os dois papéis. Na verdade, quanto mais conseguir melhorar a sua vida, maior impacto positivo ela levará para a sociedade. É possível medir o dinamismo de um país, e talvez seja mesmo a melhor medida, avaliando quanto as pessoas conseguem evoluir ao longo de sua vida. Se uma pessoa começa sua atividade profissional vendendo salgadinhos de porta em porta e termina dona de uma rede de restaurantes, isso representa um êxito individual, é óbvio, mas também mostra que o país abriu a oportunidade para essa criação de valor - para ela e para a sociedade. Do mesmo modo se a pessoa se torna um profissional competente, produtivo, ganhou ela, ganhou a companhia onde trabalha, ganhou a sociedade. Dito assim, parece simples. Mas quando se observa o cenário nacional, parece que muita gente pensa exatamente o contrário, que o governo é o principal agente do desenvolvimento. Eis dois exemplos, dois temas em discussão dentro e fora do governo, que tratam de coisas muito diferentes, mas que resultam da mesma concepção ideológica: 1) a proposta de aumento do imposto de renda da pessoa física; e 2) a proposta de criação de uma estatal "pura" para explorar o petróleo da camada do pré-sal. Nos dois casos, está entendido que o país melhora quando se coloca mais dinheiro nas mãos do governo. Mas se fosse assim, o Brasil deveria ser o melhor entre os emergentes, pois é aqui que está a maior carga tributária nesse grupo de nações. Também se fosse assim, os setores estatizados na economia brasileira deveriam ir melhor que os privados. E não é assim. Na verdade, a ascensão da classe média e seu modo de vida provam o contrário, que o Estado fracassa até naquelas que deveriam ser suas funções essenciais. A classe média, assim que pode, paga planos de saúde privados, coloca seus filhos em escolas particulares e compra um fundo de pensão pessoal. Por que faz isso, mesmo sabendo que, querendo ou não, paga os impostos que financiam aqueles mesmos serviços prestados pelo Estado? Porque é elitista ou porque se julga mais bem atendida no privado? Olhando pelo outro lado: as empresas privadas de saúde, que hoje atendem mais de 45 milhões de pessoas, as escolas e as universidades particulares, que atendem mais alunos que as públicas, e as instituições financeiras privadas são parasitas ou companhias que geram serviço, valor e empregos? Sendo as respostas óbvias, pelo simples bom senso, deveria resultar daí uma política de redução de impostos para a classe média e, ao mesmo tempo, de melhora no ambiente de negócios para que pudessem prosperar as famílias e as empresas. No caso do petróleo do pré-sal, argumenta-se que será necessária uma estatal "pura" para que essa riqueza toda pertença ao povo brasileiro. Mas quem disse que pertencendo ao governo e sendo administrada pelo governo, essa coisa sempre pertence ao povo? O que o povo ganha quando o governo ocupa as estatais com seus correligionários e coloca obras em estados e cidades administrados pelos aliados políticos? Por outro lado, quem disse que as companhias privadas geram riqueza apenas para seus acionistas? Exatamente como acontece com as pessoas quando melhoram de vida, quando as empresas crescem, produzem mais, geram mais valor e empregos, é a economia local que se torna mais rica. Resumindo, um país é tão rico quanto seus cidadãos e suas empresas. Mais ainda, o que gera crescimento é o investimento e a criação de valor pelas pessoas e empresas privadas. O governo, quando transfere renda, não cria nada, apenas tira de uns e entrega a outros. O governo ajuda a criar valor quando, por exemplo, oferece boas escolas e segurança para que as pessoas vivam, trabalhem e se apropriem do fruto de seu desempenho. E quando oferece segurança jurídica e bom ambiente de negócios para as empresas, o que não faz corretamente. Como diria Deng Xiaoping, é preciso que todos melhorem de vida e que muitos enriqueçam. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, agosto 07, 2008
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