Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 02, 2008

Farc As relações da guerrilha com figurões do governo Lula

F@rc
os e-mails que comprometem

Arquivos apreendidos com a guerrilha mostram
que a relação do PT com as Farc é maior do que
se sabia – e pode ter chegado ao governo


Alexandre Oltramari


Fotos Eliana Aponte/Reuters e Roger Meireles
COMANDANTE E EMBAIXADOR
O número 2 da guerrilha, Raúl Reyes, e o ex-padre Olivério Medina (à dir.): diálogos reveladores

VEJA TAMBÉM
Exclusivo on-line
Perguntas e respostas: Qual o objetivo das Farc?

Há cinco meses, tropas colombianas abriram um clarão na selva próximo à fronteira da Colômbia com o Equador. Realizada em território vizinho, a caçada implodiu um dos centros de comando das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), matou 23 de seus integrantes e causou um grave incidente diplomático na América do Sul. Em meio aos destroços, os militares recuperaram intactos três computadores portáteis que pertenciam a Raúl Reyes, o número 2 das Farc, especialista em finanças, expoente da ala mais radical e sangrenta da guerrilha e que foi morto na operação. A memória resgatada dos computadores de Reyes tem provocado efeitos políticos extraordinariamente positivos na região. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, aparece nas mensagens como financiador das ações do grupo terrorista. O pouco que se revelou do conteúdo do computador do terror sobre Chávez já fez o ditador venezuelano abrandar o tom. De revolucionário passou, de uma hora para outra, a conciliador. Na semana passada, a revista colombiana Cambio publicou uma reportagem com base nos dados resgatados do computador de Reyes, mostrando que também no Brasil os tentáculos são tão grandes quanto já se suspeitava. É conhecida a histórica afinidade ideológica dos radicais do PT – felizmente, uma minoria – com o grupo terrorista. Os arquivos eletrônicos apreendidos, porém, revelam que desde a posse do presidente Lula essa aproximação foi ficando cada vez mais intensa, envolvendo integrantes do governo em ações políticas de interesse dos guerrilheiros.

As novas evidências sobre esses laços clandestinos estão reunidas em 85 mensagens eletrônicas trocadas por representantes das Farc entre 1999 e 2008. Apreendidos nos computadores de Reyes, os arquivos chegaram às mãos do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e foram objeto de uma conversa mantida pelo presidente brasileiro com seu colega Álvaro Uribe na visita que Lula fez à Colômbia, há duas semanas. Embora nenhuma das mensagens divulgadas até agora tenha como interlocutor alguém do PT ou do governo, existem diversas referências a membros do partido e do governo brasileiro. A correspondência sugere vínculos das Farc com parlamentares, dirigentes petistas, cinco ministros e ex-ministros e três assessores pessoais do presidente Lula. As referências, em sua ampla maioria, revelam apenas tentativas de aproximação com o governo por meio de dirigentes e parlamentares petistas. Não haveria, portanto, nada que pudesse levar à conclusão de que há ou havia entre eles uma relação mais estreita. O problema é que, ao se verificarem alguns dos assuntos tratados, percebe-se que as ações de interesse dos narcoguerrilheiros foram bem-sucedidas – parte delas com apoio, segundo os relatos, de pessoas influentes do governo.


Fernando Vergara/AP
DESCONTRAÇÃO SÓ APARENTE
Lula cumprimenta Uribe em visita à Colômbia, há duas semanas, e a capa de VEJA que revelou os tentáculos das Farc no Brasil há três anos: a ligação da guerrilha com o PT e o governo pode ser mais ampla do que se sabia

Um dos casos mais interessantes relatados nas correspondências apreendidas envolve o ex-ministro José Dirceu. Em junho de 2005, quando ele ainda era o todo-poderoso chefe da Casa Civil do governo, houve um misterioso encontro em Cuba entre um representante das Farc e o jornalista brasileiro Breno Altman. Em uma mensagem arquivada no dia 4 daquele mês, um guerrilheiro, chamado José Luis, faz um relato ao comandante Reyes: "Um jovem que se apresentou como Breno Altman me disse que vinha de parte do ministro José Dirceu e que, por motivos de segurança, eles tinham concordado que as relações não deviam passar pela Secretaria de Relações Internacionais, mas, sim, pelo ministro, com a representação de Breno". Não se sabe que tipo de relações o guerrilheiro descreve, mas fica evidente que se trata de alguma coisa clandestina. O jornalista Breno Altman é um dos fundadores do PT e amigo do ex-ministro José Dirceu. Ele confirmou que esteve com o guerrilheiro em Havana, mas garante que não se apresentou em nome do ex-ministro. Dias depois do encontro, porém, Reyes relata o resultado da reunião com "o enviado de Dirceu", afirmando que o governo Lula "aceita a presença discreta de Olivério no país". Olivério é o padre Olivério Medina, guerrilheiro condenado na Colômbia por vários crimes e escondido no Brasil desde 1997. O padre é o personagem principal das conexões das Farc com o governo brasileiro.

Em março de 2005, três meses antes do encontro de Havana, VEJA publicou uma reportagem revelando que agentes da Abin monitoraram uma reunião política comandada por Olivério Medina em uma chácara nos arredores de Brasília. Segundo o relato dos espiões do governo, que se infiltraram no encontro, além do padre, compareceram cerca de trinta pessoas, entre militantes petistas de Brasília e representantes de uma tal corrente Luís Carlos Prestes. Era 13 de abril de 2002. Em frente a uma bandeira das Farc, os convidados cantaram o hino da guerrilha, gritaram algumas palavras de ordem e, depois, sentaram-se e passaram a discutir as eleições presidenciais. Medina revelou que os guerrilheiros doariam 5 milhões de dólares à campanha de Lula. Os detalhes da reunião, incluindo a promessa da doação milionária, foram registrados em um documento da agência, classificado como secreto. A Abin não conseguiu descobrir se a promessa foi cumprida. Na época, Medina circulava tranqüilamente por Brasília, participava de reuniões políticas e arregimentava simpatizantes para a organização. Era conhecido como o embaixador das Farc no Brasil.


Fotos Manu Mielniezuk e Cristiano Mariz
O BUFÃO E O REI
Chávez, ao lado do rei Juan Carlos, e a chácara em Brasília onde as Farc se reuniram com petistas: dólares da guerrilha

O baú digital das Farc revela uma incrível coincidência entre a reunião testemunhada pelo espião oficial e os vestígios de ligações da guerrilha com o PT. Em julho de 2005, Olivério Medina, figura central nos dois episódios, despachou uma mensagem para Raúl Reyes, listando apoios financeiros que as Farc vinham recebendo no Brasil. As cifras são irrelevantes, mas a lista apresenta pontos de contato com a reunião secreta flagrada pela Abin. Citada por Medina, a tal Corrente Comunista Luis Carlos Prestes teria doado 766,66 dólares. Um dos militantes da entidade era também proprietário da chácara onde Medina anunciou a doação milionária ao PT. É um paradoxo que o terrorista Medina faça questão de anotar apoios financeiros irrisórios ao mesmo tempo em que se vangloria de conseguir milhões de dólares para a campanha petista. Não é nem de longe, porém, tática estranha aos movimentos revolucionários. É célebre a proposta feita pelo cubano Fidel Castro ao escritor peruano Mario Vargas Llosa quando este, ainda militante de esquerda, ganhou um prêmio em dinheiro do Pen Club International, entidade sem filiação partidária de apoio a intelectuais. Llosa recebeu 9 000 dólares. Fidel propôs a ele que doasse publicamente os 9 000 dólares à Revolução Cubana com a promessa de que lhe daria 18 000 dólares, o dobro, por debaixo do pano. Vargas Llosa denunciou a manobra e desiludiu-se de Fidel e seus barbudos.

Apesar de o governo ter supostamente garantido a "presença discreta" de Medina no país – muito provavelmente devido à repercussão do caso da doação milionária –, em agosto de 2005 o padre foi preso pela Polícia Federal, a pedido da Justiça colombiana, sob acusações de terrorismo, assassinato, seqüestro e extorsão. Dois anos depois, contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou seu pedido de extradição graças a uma decisão do governo que, um ano antes, concedeu a Medina a condição de refugiado político. Outra vez as mensagens apreendidas indicam que o governo e o PT estavam mesmo empenhados em proteger o terrorista. Em janeiro de 2007, o próprio Medina informa a Raúl Reyes que conseguiu um emprego no governo para a mulher, Angela Slongo. "Para evitar que a direita em algum momento a importune, deixaram-na na Secretaria de Pesca, trabalhando no que chamam um cargo de confiança ligado à Presidência da República."

O correio eletrônico do ex-número 2 das Farc ainda revela contatos da organização com o chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e com o ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores. Em nota, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, negou qualquer relação entre o governo brasileiro e os narcoterroristas. "Não há interferência em assuntos internos da Colômbia nem qualquer tipo de apoio às Farc", afirmou. Informalmente, porém, assessores de Lula contam que a divulgação das mensagens que citam membros do governo brasileiro foi motivada por vingança do ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, cuja família controla o grupo de comunicação que publicou a reportagem naquele país. O governo colombiano, segundo a teoria oficial, seria contrário à adesão do país ao Conselho de Defesa Sul-Americano. Na visita de Lula à Colômbia, há duas semanas, Uribe teria mudado de idéia após ouvir os argumentos do presidente brasileiro. Em retaliação, os militares colombianos teriam divulgado apenas as mensagens supostamente comprometedoras, deixando de lado outras que provariam exatamente o contrário – o distanciamento dos petistas em relação à guerrilha. Se isso for verdade, bastará ao governo divulgar a íntegra do material, que foi recebido há três meses e guardado a sete chaves.


Ueslei Marcelino/Folha Imagem
O ELO COM O GOVERNO
O ex-ministro José Dirceu é apontado como elo com o governo. Em e-mail enviado em junho de 2005, um dirigente das Farc, identificado como José Luis, conta ter se encontrado com um emissário de Dirceu, o jornalista Breno Altman, em Cuba. A partir daí, segundo a mensagem, os contatos passaram a ser feitos por intermédio de Dirceu


Beto Barata/AE
AJUDA NO PLANALTO
O chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, foi citado em um e-mail de Olivério Medina a Raúl Reyes, em fevereiro de 2007. Ele é retratado como um simpatizante que teria ajudado as Farc no governo. Nas mensagens divulgadas até agora, porém, não há nenhuma evidência de que Carvalho tenha ajudado a guerrilha. Ele nega qualquer relação com as Farc


Elza Fiúza/ABR
REFÚGIO GARANTIDO
Em um e-mail recebido por Reyes em setembro de 2006, Olivério Medina faz menção a um telefonema que o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, teria dado para cumprimentar seu advogado pela obtenção do refúgio no Brasil. Graças a decisão do governo, Medina teve seu pedido de extradição para a Colômbia negado pelo STF


Pedro Rey/AFP
CONTRA OU A FAVOR?
As Farc tentaram usar o assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, para se aproximar do governo petista. A tentativa de aproximação foi revelada por Medina: "Estive falando com a deputada federal Maria José Maninha. Combinamos que [ela] vai me abrir caminho rumo ao presidente via Marco Aurélio Garcia". Ele diz ter trabalhado contra a guerrilha









Perguntas & Respostas
Fevereiro de 2008
Farc


Um pesadelo de mais de seis anos terminou para a colombiana e ex-candidata à Presidência Ingrid Betancourt no dia 2 de junho, ao ser libertada do cativeiro imposto pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o grupo narcoterrorista que a mantinha aprisionada. Em janeiro,
as também colombianas Clara Rojas e Consuelo González haviam sido foram libertadas, depois de também serem privadas de direitos básicos e vivendo em campos de concentração no meio da selva colombiana. Seus relatos mostraram ao mundo como age a organização de facínoras que pretende ser reconhecida pelo mundo como um agente político legítimo. Em 2008, a organização também teve seus maiores líderes mortos e perde cada vez mais seu poder de fogo. Entenda as origens do conflito na Colômbia, e porque a classificação de cunho político jamais poderá ser aplicada às Farc.

1. Quem são e o que querem as Farc?
2. Elas atuam desde quando?
3. Que métodos utilizam na busca por seus objetivos?
4. Por que são terroristas?
5. Qual é a relação da facção com o tráfico de drogas?
6. Quantos reféns estão em poder das Farc?
7. O que significou a recente libertação de duas reféns?
8. Quais os grandes golpes do governo contra a narcoguerrilha?
9. Qual é a posição do governo colombiano sobre o grupo?
10. Quem se alia ao governo no combate às Farc?
11. E quem as apóia?
12. O que a população colombiana pensa das Farc?
13. Existem outros grupos políticos criminosos na Colômbia?

1. Quem são e o que querem as Farc?

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia são um grupo de rebeldes de ideologia comunista cujo objetivo declarado é tomar o poder no país pela força. Gostam de se autodenominar "guerrilheiros marxistas", dada a inspiração esquerdista que tiveram quando da sua criação, em meio a uma guerra civil ocorrida na Colômbia nos anos 60. Há muito tempo, entretanto, degeneraram em uma espécie de seita de fanáticos que vive à custa do tráfico de cocaína e de toda sorte de barbaridades. Contam atualmente com 16.000 homens.

topo

2. Elas atuam desde quando?

As Farc surgiram precisamente em 1964. Desde então, 45.000 colombianos morreram pelas mãos de seus integrantes. Só nos últimos cinco anos, mais de 5.000 pessoas foram assassinadas em 930 chacinas.

topo

3. Que métodos utilizam na busca
por seus objetivos?

Seqüestros, tráfico de drogas, extorsão e assassinatos são as principais técnicas que constam na cartilha das Farc. Estupros de reféns e tortura vêm a reboque, como descreveu Consuelo González, uma das cativas libertadas em janeiro. Suas vítimas são acorrentadas pelo pescoço, obrigadas a marchas forçadas no meio do mato e submetidas a cirurgias improvisadas com facas de cozinha. Não satisfeitas, as Farc transformaram a Colômbia na líder do ranking mundial das vítimas de minas terrestres – em sete anos, 9.500 pessoas foram atingidas pelos artefatos. No mais, recrutam boa parte de seus novos membros entre garotos de 10 a 14 anos de idade. Após se embrenharem na selva, os jovens são isolados do mundo exterior, da família e perdem o próprio nome, substituído por um "nome de guerra".

topo

4. Por que são terroristas?

Que qualificação se dá a uma organização de seqüestradores e narcotraficantes que comete todos os crimes descritos acima? Conforme estabelece o conceito da ONU, as Farc não podem ser consideradas outra coisa que não uma organização terrorista. Não lutam contra um governo totalitário ou ocupação estrangeira. É como terroristas que as vêem os Estados Unidos e a União Européia. Delinqüentes comuns, eles vivem de seqüestros, tráfico de drogas e extorsão. Terroristas, eles torturam os seqüestrados, cometem atentados a bomba e executam a sangue-frio militares e civis. O debate semântico só existe hoje devido ao apelo feito pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, para "o reconhecimento da guerrilha colombiana como forças insurgentes".

topo

5. Qual é a relação da facção com
o tráfico de drogas?

As Farc dominam hoje todas as fases para a obtenção da cocaína na Colômbia, a maior produtora mundial da droga. O envolvimento do grupo com o narcotráfico começou no início da década de 90, quando uma ofensiva para erradicar as plantações de folha de coca na Bolívia e no Peru levou os cartéis colombianos a se associar com a guerrilha para o plantio nas áreas rurais sob controle dos esquerdistas. O negócio fez uma tremenda diferença. De guerrilheiros pobres, que tinham perdido a mesada de Cuba, as Farc se tornaram milionárias. Segundo as estimativas oficiais, a atividade rende aos narcoguerrilheiros 590 milhões de dólares por ano.

topo

6. Quantos reféns estão em poder das Farc?

É difícil obter um número preciso. Nos últimos doze anos, cerca de 7.000 seqüestrados passaram pelos cativeiros das Farc. Hoje, há mais de 700 reféns em poder dos guerrilheiros, que aguardam o pagamento de resgate em dinheiro. Destes, pelo menos 25 reféns são considerados prisioneiros políticos, que as Farc querem trocar por terroristas presos. Não há mais muito sentido econômico nos seqüestros, já que os terroristas têm no narcotráfico uma fonte rentável de financiamento.

topo

7. O que significou a recente libertação
de Ingrid Betacourt?

Serviu principalmente para fortalecer a imagem do presidente colombiano Álvaro Uribe no combate ao narcotráfico e ao contrário fazer descer a do venezuelano Hugo Chávez, aliado das Farc. Tanto Ingrid como a famíla dela não se cansaram de agradecer os esforços de Uribe na ação em que foi libertada juntamente com três americanos e outros 13 colombianos.

topo

8. Quais os grandes golpes do governo contra a narcoguerrilha?

Sua maiores baixas foram exatamente nas mais altas patentes desde o início de 2008. Em 1º de março, Raúl Reyes, segundo em comando, foi morto em ataque aéreo. Seis dias depois, Ivan Rios, tesoureiro das Farc, foi morto por um guarda-costas, que recebeu a recompensa de 2,7 milhões de dólares oferecida pelo governo colombiano. Para provar sua morte, o guarda-costas entregou ao governo a mão direita (cortada depois de morto), documentos de identidade e o computador pessoal do chefe. E ainda março – mas só divulgado em junho – morreu de infarto o fundador e “el supremo” das Farc, Manuel Marulanda, o Tirofijo. Além disso, cada vez mais guerrilheiros se entregam ao governo.

topo

9. Qual é a posição do governo colombiano sobre o grupo?

Desde o primeiro dia na Presidência da Colômbia, Uribe investiu com firmeza – e tropas especiais treinadas com a ajuda dos Estados unidos – na tarefa de recuperar o controle de seu país não apenas dos comunistas, mas também dos narcotraficantes e das milícias paramilitares de direita. Quando assumiu o cargo, em 2002, estimava-se que a guerrilha comunista circulasse à vontade ou tivesse o controle efetivo de 40% do território colombiano. Essa área era basicamente de florestas e montanhas de difícil acesso. Seu governo empurrou os terroristas aos grotões e conseguiu diminuir o número de seqüestros aumentando o contingente policial e criando unidades especializadas em combater especificamente esse tipo de crime. Graças a Uribe, os índices de criminalidade colombianos atingiram em 2005 os níveis mais baixos em 20 anos. Há nele uma motivação pessoal nesta luta: seu pai foi assassinado pelas Farc em 1983.

topo

10. Quem se alia ao governo no combate às Farc?

O governo colombiano tem na maior potência do mundo o seu principal aliado na luta contra os narcoguerrilheiros: os Estados Unidos. Uribe é o melhor amigo da Casa Branca na América do Sul, o que lhe permitiu implementar uma cooperação militar com Washington que tem rendido bons frutos. Apesar de ele ser um dos raros presidentes que podem ser levados a sério nos países fronteiriços com o Brasil, o governo Lula é daqueles que tratam Uribe com frieza. O presidente brasileiro não deixou de classificar, porém, os atos das Farc como “abomináveis” no início de 2008.

topo

11. E quem as apóia?

Na linha de frente do cenário internacional, as Farc têm o apoio de Hugo Chávez. O caudilho venezuelano sustenta que a organização tem um projeto político legítimo, que ele associa ao seu próprio socialismo bolivariano. Sua proposta de retirar o nome das Farc da lista de grupos terroristas internacionais recebeu um único apoio – o do presidente Daniel Ortega, da Nicarágua, cujo passado inclui a tomada do poder pela força das armas. Fora isso, há em lugares da Europa uma visão romântica da guerrilha, especialmente por parte dos governos da França e da Espanha, que pressionam Uribe para negociar um acordo que liberte os reféns mais conhecidos. Passam longe de apoiar os criminosos, contudo.

topo

12. O que a população colombiana
pensa das Farc?

Os colombianos também não têm dúvida sobre o assunto: as mais recentes pesquisas de opinião realizadas no país mostram que 93% da população se opõe às Farc. Desde 2000, quando o Instituto Gallup começou a monitorar o conceito do grupo terrorista entre os colombianos, a rejeição se mantém acima dos 87%.

topo

13. Existem outros grupos políticos
criminosos na Colômbia?

Além das Farc, os colombianos ainda são obrigados a conviver com outros dois grupos igualmente violentos, embora não tão poderosos. O primeiro é o Exército de Libertação Nacional, o ELN, criado em 1962 por um grupo de jovens colombianos que foram a Cuba aprender técnicas de guerrilha. O ELN já foi o principal movimento da Colômbia, mas perdeu seu poder com a derrocada do regime cubano, e hoje conta com apenas 3.000 homens. Mais numerosas que eles são as tenebrosas organizações paramilitares que, a pretexto de combater os dois grupos guerrilheiros, adotaram os métodos dos rivais e aplicaram-nos contra a mesma população que já sofria nas mãos de Farc e ELN. Estima-se que as Autodefensas Unidas de Colômbia (AUC), o maior grupo paramilitar, conte hoje com até 30.000 homens.

topo

Arquivo do blog