Entrevista:O Estado inteligente

domingo, maio 22, 2005

VALDO CRUZ:Boquinha livre

 BRASÍLIA - A privatização do sistema Telebrás rendeu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso muita crítica antes, durante e depois do programa. De aliados e de opositores.
Algumas eram procedentes. Como as baseadas em grampos telefônicos, que levantaram a suspeita de ação do governo para beneficiar alguns grupos nos leilões de privatização.
Outras escondiam a defesa de interesses corporativos e pessoais. Sobre essas, lembro de um desabafo de FHC na época: "É chiadeira de quem vai perder uns cem cargos políticos".
Diretorias das teles faziam parte das jóias da coroa. Presentes em todos os Estados, eram cobiçadas pelos políticos pelo potencial eleitoral.
Rendiam negócios milionários, um canal para a coleta de doações eleitorais e outros negocinhos. Serviam ainda para ganhar votos, prestando serviços como a instalação de telefones a eleitores. A farra acabou com venda da Telebrás.
Taí uma grande serventia das privatizações. Estreitar ao máximo o espaço dentro do Estado utilizado para o jogo político pessoal e eleitoral. Afinal, ninguém se esbofeteia por cargos pensando em um projeto de país.
No caso das teles, é inegável também que o serviço de telefonia no país melhorou -e muito. É o ideal? Ainda não, mas imagine se ainda fosse estatal. Veja o que acontece com nossas estradas esburacadas.
Alguém vai lembrar das denúncias de corrupção e comissões nos leilões das teles. Até hoje esses fantasmas, ainda não comprovados, continuam rondando a cena brasileira.
Deveriam existir? Não. Mas isso não significa que tudo deveria ter ficado como estava. Um Estado gigantesco é campo fértil para as negociatas políticas. Como a dos Correios, que ainda vai tirar muita noite de sono do presidente Lula.
Infelizmente, o PT não é muito favorável a privatizações. Seus aliados agradecem. Vão mantendo suas boquinhas. E nem precisam votar a favor do governo.
folha de s paulo

Nenhum comentário:

Arquivo do blog