Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, maio 19, 2005

MAIS CORRUPÇÃO

 São graves e precisam ser investigadas a fundo as revelações que emergiram da fita de vídeo obtida pela revista "Veja", na qual um funcionário dos Correios acerta um esquema de cobrança de propina, embolsa um "adiantamento" oferecido por interlocutores e afirma que o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson, lhe dá "cobertura".
Tratando-se Jefferson e seu partido de fiéis aliados do governo federal, as repercussões foram imediatas e contundentes. O caso apanhou o Planalto de surpresa, num momento já difícil, em que sustenta dois colaboradores sob suspeita de irregularidades -o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência, Romero Jucá- e enfrenta séria crise no Congresso e em sua base de apoio.
A denúncia ofereceu à oposição uma excelente oportunidade para -a exemplo do que fazia o PT- empunhar a bandeira da ética e exigir a instalação de uma CPI. Com efeito, o caso reúne ingredientes que justificam uma investigação parlamentar. Ela seria bem-vinda se ajudasse a esclarecer a ação de corruptos no setor público e não se transformasse apenas em palanque político e fonte de chantagens, como vem sendo a rotina nesse tipo de inquérito.
Sob pressão, o Planalto age para minimizar os danos e procura evitar que os "rebeldes" do PT contribuam para viabilizar a investigação. Parece contar também, para arrefecer os ímpetos oposicionistas, com a perspectiva de que os trabalhos da CPI, caso ela seja instalada, venham a alcançar também esquemas de corrupção que datam de administrações anteriores. Ao mesmo tempo, o governo tenta, por intermédio de conversações entabuladas pelo próprio presidente, superar a paralisia no Legislativo.
Lamentavelmente, em meio à crise e à deterioração da agenda política, fica para a sociedade a convicção de que seus representantes se preocupam mais com as vantagens que podem extrair do poder do que com os destinos do país.
folha de s paulo editoriais

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