Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
terça-feira, maio 10, 2005
Luis Garcia: Quatro mais quatro
Na semana passada, o PT decidiu apoiar a emenda que acaba com a verticalização, norma que obriga os partidos a só se aliarem nas disputas estaduais com as legendas a que estiverem associados nas eleições presidenciais. A regra é, ou seria, um dos raros avanços na reforma política, forçando os grupos políticos a serem coerentes na prática com os programas que defendem teoricamente.
Acabar com a verticalização será uma vitória da conveniência sobre os princípios. E também mais uma prova de que a reforma política continuará sendo defendida por todos os partidos, mas eficientemente sabotada sempre que interferir na conquista de fatias crescentes de poder.
Essa política de resultados — para usar a expressão mais generosa possível — é visível principalmente em época de eleições. Mais ainda quando o partido no poder está terminando os seus primeiros quatro anos, e considera que qualquer preço é bom e justo para ganhar mais quatro. Os métodos usados pelo PSDB para garantir a reeleição de Fernando Henrique Cardoso e apoio suficiente no Congresso mostram que nesse aspecto o saco é um só, e nele estão todos os gatos.
Até certo ponto, dá para entender. Quatro anos são pouco para mostrar resultados de um programa de governo. O grande trunfo de Fernando Henrique ao fim de seu primeiro mandato era o Plano Real. E só, embora mais tarde aparecessem avanços notáveis em saúde e educação. Lula chegará a 2006 também com o solitário trunfo da política econômica. A reeleição dependeu para Fernando Henrique — e dependerá para Lula — de alianças de conveniência (embora no atual governo elas mais pareçam alianças inconvenientes caoticamente administradas). Uma reforma política para valer fecharia essa porta. Quantos e quais líderes políticos brasileiros, no poder ou com perspectivas imediatas de chegar a ele, terão interesse sincero em vê-la fechada?
E outras regras do jogo pioram as coisas. Não é por acaso que nenhum país politicamente maduro tem sistema igual ao nosso: mandato presidencial de quatro anos com direito a uma reeleição, num sistema político multipartidário.
Teoricamente, é o que existe nos Estados Unidos, com diferença crucial: lá, na prática, há apenas dois partidos. Fora democratas e republicanos, não existem legendas capazes de influir numa disputa pela Casa Branca: os pequenos partidos têm força desprezível. Na hora da reeleição, o partido no poder tem que conquistar eleitores na planície da campanha eleitoral: não há interlocutores para a negociação de alianças. Isso não moraliza inteiramente o processo, mas contribui para fazer com que o partido no poder seja bastante parecido com o partido na campanha eleitoral.
Para um sistema multipartidário, um mandato maior, sem reeleição, talvez fosse solução mais lógica. Exemplos antigos nem sempre são adequados, mas os cinco anos sem reeleição de Dutra e JK não foram má experiência. E, sem contar, por razões óbvias, o regime militar, os cinco anos funcionaram adequadamente com José Sarney e, apesar do trauma do impeachment, com Collor/Itamar.
Só a partir do governo Fernando Henrique é que vivemos com a fórmula dos quatro anos mais uma reeleição. Parece ser a pior solução.
O GLOBO
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
maio
(371)
- LUÍS NASSIF :A financeirização faliu
- JANIO DE FREITAS:Temor inútil
- CLÓVIS ROSSI :Revelou-se?
- A VITÓRIA DO "NÃO"
- A CORRUPÇÃO DE SEMPRE
- Dora Kramer:Compromisso com o eleitor
- Arnaldo Jabor:A maldição do monstro do ‘mesmo’
- Luis Garcia: Coceira danada
- Merval Pereira:O vice se prepara
- AUGUSTO NUNES:O país inclemente com seus órfãos
- Aposentadoria FHC
- Marcos Sá CorrêaE por falar em aposentadoria...
- Tudo o que você gostaria de saber sobre a CPI dos ...
- Com todos os méritos
- FERNANDO RODRIGUES:A gênese da crise
- VINICIUS TORRES FREIRE:Choque ético, urubus e econ...
- DISPUTA PELO CONTROLE
- Lucia Hippolito: José Dirceu criou um monstro. Ou ...
- Com todos os méritos
- The way you look tonight - Lionel Hampton Quartet
- A última do Lula: um plano de metas para o ano 202...
- Over the rainbow - Jane Monheit
- Governo reabilitou Garotinho -Ricardo Noblat
- Corrupção e consumo conspícuo-RUBENS RICUPERO
- PSDB passa a se julgar novo porta-voz da moralidad...
- JANIO DE FREITAS :O nome da crise
- ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES:A importância mundial do...
- VALDO CRUZ:Gosto pela coisa
- CLÓVIS ROSSI:A ilusão da economia
- AINDA SOB RISCO
- DECLÍNIO ÉTICO
- Dora Kramer:Oposição abana o fogo amigo
- AUGUSTO NUNES:O estranho pânico dos inocentes
- JOÃO UBALDO RIBEIRO :Que tal uma tolerância zero p...
- Merval Pereira : Cenários possíveis
- O "Sombra" está de volta - caso Celso Daniel
- Corrupção:O líder por testemunha
- O devoto de Darwin
- Roberto Pompeu de Toledo:Se não é enrascada,é bici...
- Tales Alvarenga:O show dos animais
- André Petry:É a cara do Brasil
- Diogo Mainardi:Sou um Maurício Marinho
- O que será que ele sabe?
- Surgem sinais de que PT e PTB têm tudo a ver
- It could happen to you - Rod Mchuen
- Nada de arrependimento
- Burocracia e corrupção-GESNER OLIVEIRA
- FERNANDO RODRIGUES;Quando Lula fala
- CLÓVIS ROSSI:O despudor explícito
- A EUROPA EM XEQUE
- AUGUSTO NUNES:Desconfiem dos cargos de confiança
- Dora Kramer:Trocando os pés pelas mãos
- Zuenir Ventura:Vendendo a alma
- DORA KRAMER: Uma guerra sem estrelas
- The end of a love affair - George Shearing ao piano
- Lucia Hippolito : O mico pago por José Dirceu
- LUÍS NASSIF:A licenciosidade "offshore"
- A Gangue do "Cheque e Branco"
- VALDO CRUZ:Mais uma
- CLÓVIS ROSSI:Conspiração x fatos
- DESACELERAÇÃO MUNDIAL
- Como o governo operou para abortar a CPI dos Correios
- Merval Pereira:Choque ético
- Dora Kramer:Uma guerra sem estrelas
- Guilherme Fiuza: Garotinho é inocente
- O PC DE LULA?
- Jefferson e Garotinho humilham o governo
- I can’t get started - Booker Ervin, tenor saxofone...
- Roberto Macedo :Cargos, para que te quero
- Vade retro! PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
- JANIO DE FREITAS :Início à brasileira
- DEMÉTRIO MAGNOLI:Vergonha
- CLÓVIS ROSSI :De joelhos
- Lucia Hippolito:Salvou-se Suplicy
- Merval Pereira :Vôos tucanos (2)
- Miriam Leitão:Aquecimento local
- O PT no atoleiro-Ricardo Antunes
- AUGUSTO NUNES:A incontrolável paixão de Dirceu
- Dora Kramer:Oração no altar do auto-engano
- Heranças malditas PAULO RABELLO DE CASTRO
- FERNANDO RODRIGUESOtimismo e realidade SEUL
- CLÓVIS ROSSI:Saudades do Stanislaw
- Dora Kramer:Golpe? Só se for golpe de ar
- Pra que discutir com Madame - “João Gilberto in To...
- Do degrau à cadeira
- CPIsno governo FHC - o contrário do que dizem os pts
- Lucia Hippolito :Crise pedagógica
- Conspirações
- MiriamLeitão:Modelos latinos
- Merval Pereira: Vôos tucanos
- Xico Graziano:A força do arbítrio
- Rubens Barbosa:As Nações Unidas e os Estados Unidos
- Filosofia - Mart’nália
- Lucia Hippolito :Os riscos de uma CPI 'minimamente...
- Mirem-se no exemplo
- LUÍS NASSIF:O know-how político de FHC
- JANIO DE FREITAS :Os guardas da corrupção
- VALDO CRUZ:Canibalização
- CLÓVIS ROSSI :Pesadelo, sonho, pesadelo
- A OPORTUNIDADE DA CPI
-
▼
maio
(371)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA
Nenhum comentário:
Postar um comentário