Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, maio 12, 2005

Israelitas condenam documento

Em nota divulgada ontem, a Confederação Israelita do Brasil e mais 13 entidades judaicas criticaram o que entenderam como "tom pró-terrorista" do documento final da Cúpula América do Sul-Países Árabes, dizendo que o Brasil "importou uma guerra que não é nossa".
Leia abaixo a íntegra da nota.

"O chanceler Celso Amorim recomenda que "cada um interprete como quiser" a agressiva Declaração Conjunta da Cúpula Árabe-Sul Americana. A Confederação Israelita do Brasil e suas filiadas de todos os Estados, representando a comunidade judaica brasileira, interpretam-na como mais uma tentativa de atribuir a um só país e a um só povo a responsabilidade por uma situação de conflito que se arrasta há séculos. Interpretam também que, ao assinar a Declaração Conjunta:
1 - Importaram para nosso país uma guerra que não é nossa, uma guerra que, em seu campo próprio, já é objeto de negociações e tende a se extinguir;
2 - Aprovando o item 2.16, endossaram o terrorismo, ao aceitar a suposta diferença entre o "terrorismo bom", aceitável, e o "terrorismo ruim", que deveria ser condenado. Na prática, "terrorismo bom" é aquele que alguns signatários da Declaração Conjunta praticam ou apóiam; "terrorismo mau" é aquele praticado contra esses países ou seus aliados. Pura balela: terrorismo é terrorismo, é crime contra a humanidade. Este crime não deixa de existir quando tentam adjetivar seu nome;
3 - Aprovando o item 2.17, endossaram a ação de movimentos armados que buscam atingir civis, como aquele que mantém entre suas vítimas, há 110 dias, um nosso compatriota, o engenheiro João José de Vasconcel- los Jr., sem que sua família e nosso país recebam qualquer notícia sobre seu destino;
4 - Não faz qualquer menção à democracia, nem aos direitos humanos, nem aos direitos das mulheres, sistematicamente desrespeitados por muitas nações que participaram da cúpula;
5 - É curioso verificar que países militarmente ocupados e cujo governo só pôde ser escolhido graças à ocupação, como o Iraque; países que estiveram militarmente ocupados até o início deste mês e cujo governo era favorável à continuidade da ocupação, como o Líbano; e países que ocuparam militarmente seus vizinhos até menos de duas semanas atrás, como a Síria, cujas tropas mantiveram o controle armado do Líbano por 30 anos, assinam documento que condena a ocupação militar de territórios estrangeiros;
6 - O Brasil foi desrespeitado, já que, segundo o chanceler Celso Amorim, a Conferência da Cúpula Árabe-Sul-Americana teria caráter econômico e cultural e não se voltaria a ataques a aliados históricos do Brasil.
Em resumo, realizou-se um grande esforço de propaganda em favor de causas alheias ao interesse do Brasil. E se tornou óbvio que o objetivo árabe nesta Conferência de Cúpula era condenar metade da guerra, em vez de aproveitar a oportunidade e condenar a guerra inteira."

folha de s paulo

Nenhum comentário:

Arquivo do blog