Entrevista:O Estado inteligente

domingo, maio 15, 2005

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES:Pichação e imundice contrariando a grandeza de São Paulo


Se há uma coisa que mais choca os que visitam a cidade de São Paulo é a quantidade de pichação espalhada pelas ruas, praças e prédios. Não há bairro que não exiba uma sujeirada indecente feita por pessoas que têm prazer em depredar o patrimônio público e privado e em ofender o senso estético da nossa cidade.
No centro da cidade, o problema é ainda mais grave. O turista que vem do aeroporto de Congonhas até os hotéis centrais ou os homens de negócios que se dirigem aos escritórios e bancos da região central de São Paulo devem ficar com a impressão de estar entrando em uma zona de guerra de fundamentalistas fanáticos, que se digladiam por escrito com frases ininteligíveis, pintadas por toda a parte.
São Paulo é uma cidade bonita. O centro abriga belas obras de arquitetura inspiradas no gênio de Ramos de Azevedo. A praça da República, o largo do Arouche, o jardim do Trianon e as avenidas 9 de Julho e Paulista têm o seu encanto quando se olha para o seu desenho e para a beleza das árvores e dos jardins.
Mas essa é a São Paulo bonita que conheci na minha juventude. Hoje, as ruas e as praças foram tomadas por moradores que ali dormem e lavam suas roupas, e suas paredes foram cobertas de dizeres indecifráveis e de muito mau gosto. Quem sobe a avenida Rebouças tem dificuldade para distinguir as casas e os prédios tamanha é a sujeira que empastela os edifícios. O mesmo ocorre nas avenidas 23 de Maio e 9 de Julho.
São Paulo tem tudo para acabar com esse vergonhoso quadro. É questão de tomar as medidas adequadas. E elas não são complicadas. Em primeiro lugar, a prefeitura do município tem de agir com maior rigor com os pichadores -quer proibindo a pichação, quer educando-os para que se transformem em artistas. Em segundo lugar, há que se promover uma grande campanha pedagógica com as crianças e adolescentes nas escolas públicas e privadas. Em terceiro lugar, é necessário um trabalho contínuo por meio dos grandes meios de comunicação para promover a cultura da limpeza.
Sujeira nada tem a ver com pobreza. O Brasil tem milhões de domicílios pobres bem arrumados e habitados por uma população limpa e asseada.
A pichação que se espalha pela cidade é fruto de vandalismo, de má educação e de desleixo das autoridades, isso sem falar na deturpação dos valores estéticos em uma juventude que está abandonada na sua maior parte.
Como natural de São Paulo e cidadão que aqui vive, sinto pena de ver a cidade se deteriorando sem que os governantes e a sociedade em geral tomem as necessárias providências.
É inadmissível conviver com gente que tem o prazer de sujar e com autoridades que parecem temer contrariar as condutas desses prendados artistas.
Está na hora de encetarmos um grande movimento por uma São Paulo mais limpa, sem pichação e que sirva de exemplo para toda a nação brasileira.
Mãos a obra, senhores governantes!
folha de s paulo

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