Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, março 04, 2005

Folha de S.Paulo - Rio de Janeiro - Nelson Motta: Los hermanos - 04/03/2005

RIO DE JANEIRO - Os maiores prejudicados pelo calote argentino não foram os grandes bancos, o FMI, os tubarões do mercado financeiro, porque esses sempre encontram um jeito de repassar o prejuízo para acionistas, consumidores e contribuintes. E sobrevivem. E crescem.
Senão não seriam tão grandes e tão fortes... verdad?
As grandes vítimas foram os pequenos investidores europeus, argentinos e até brasileiros, trabalhadores que colocaram suas economias de uma vida em títulos públicos argentinos, atraídos pelas altas taxas de juros, em busca de uma aposentadoria tranqüila. Esses se ferraram, não têm de onde tirar, não têm a quem repassar o prejuízo. Micaram.
Então não há motivos para comemorar, não é hora de bravatas sul-americanas, porque, mais uma vez, a "vitória" foi contra os mais fracos, e custou um período de imenso sofrimento, humilhação e tristeza para o povo argentino. Agora, com seu espantoso crescimento, eles voltaram ao nível de sete anos atrás. Estão comemorando o que, hermanos, o tempo perdido?
Dá um frio na espinha ver Lula confraternizando, chamando de companheiros Kirchner e Hugo Chávez e prometendo "ações conjuntas" em relação às dividas de seus países. A situação econômica do Brasil, seu conceito internacional, conquistados à custa de muito sacrifício, seriedade e eficiência pelo governo Lula, sem bravatas e latinidades, é infinitamente melhor do que a da Argentina e a da Venezuela, assim como Lula e seu governo são muito melhores do que os deles. O que os une além do anti-americanismo e da tradição populista da velha esquerda sul-americana nostálgica de seus caudilhos? Só mesmo a vontade de Lula de liderar, nem que seja um bloco de perdedores como esse. Você investiria um centavo de seu dinheiro na Venezuela ou na Argentina?
Com eles, o Brasil se enfraquece, pela má companhia. Juntos, os três ficam mais fracos.

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