O GLOBO
Como está a economia americana a esta altura? Ontem foi o dia de os economistas do mundo inteiro olharem com lupa a decisão do Fed para responder a essa pergunta. O que o Banco Central americano disse é que os juros vão ficar perto de zero por um longo tempo e que continuará injetando liquidez na economia. O PIB do terceiro trimestre já deve ser positivo, segundo economistas american
O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, também acredita que o terceiro trimestre será sim de recuperação nos EUA. A leitura que ele fez do comunicado do Fed, e da decisão de manter os juros por um longo tempo, é que a situação econômica melhorou, mas as autoridades não querem correr o risco de perder um bom momento atuando prematuramente no aperto de liquidez.
— O que o Fed quis dizer ontem é que a economia está melhorando, há sinais de otimismo, mas são sinais ainda fracos, e, portanto, ele não vai arriscar perder as melhoras conquistadas com uma elevação dos juros — disse.
Isso derruba a ideia de que em breve o país iria começar a reduzir o excesso de liquidez injetado na economia.
O Fed disse também que vai continuar comprando títulos do Tesouro americano e vai continuar comprando ativos lastreados em hipotecas, ou seja, continuará provendo liquidez.
Em que momento essa montanha de dinheiro jogada na economia através da ampliação dos gastos públicos e da atuação do Fed vai trazer para a economia o risco de inflação? Ilan acha que demora um pouco: — Primeiro, será preciso aumentar a utilização da capacidade instalada, que está muito baixa, e recuperar o mercado de trabalho. Hoje, ainda se comemora a queda menor do nível de emprego, a cada vez, mas não a volta da criação de empregos.
Nada do que está acontecendo deixará de criar uma enorme ressaca mais adiante. A dívida pública vai aumentar exponencialmente.
Ilan acha que sai de 40% do PIB para mais de 80%: — Em algum momento eles terão que lidar com isso, mas agora o mais importante é colher os frutos da estratégia antirrecessão.
A Europa também começa a colher dados melhores em função de fortes programas governamentais como os incentivos alemães à compra de carros. Ilan avalia que Brasil e China, e outros países asiáticos, se recuperaram mais cedo e já demonstraram bons números no segundo trimestre. Bem atrás vêm os países do leste europeu que ainda estão mergulhados na recessão.
A Rússia teve uma queda de 10% do PIB no segundo tri. A Estônia, que a seleção derrotou ontem sem brilho, está também derrotada pela recessão de 16%.
Mesmo assim, está melhor que sua vizinha Letônia, que encolheu 20%. A Rússia enfrentou a queda do preço do petróleo e gás natural — e a alta desses preços ainda não permitiu sua recuperação, até porque a queda do preço do petróleo pegou suas empresas muito alavancadas.
A economista Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, acha que o objetivo do Fed de manter a compra dos títulos é derrubar a curva de juros futuros. O mercado estava imaginando que a redução de liquidez começaria mais cedo para evitar os riscos inflacionários decorrentes da ampliação do déficit público.
— Os juros futuros é que têm mais impacto sobre os contratos firmados na economia real — explicou ela.
A economia americana já melhorou em função de programas como o "dinheiro por sucata" que recompra carros velhos. Começa a sair da recessão, mas o presidente do Fed, Ben Bernanke, não está interessado em entrar em nenhuma polêmica a curto prazo, nem correr o risco de ser acusado de abortar qualquer recuperação. Ele é candidato a permanecer no cargo, recebeu o apoio de inúmeros economistas, mas o presidente Barack Obama é que decidirá sobre isso no começo do ano que vem.
Portanto, entre um risco de médio prazo — que é a alta da inflação e o crescimento exponencial da dívida — e o risco de ser acusado de impedir a recuperação, Bernanke ontem deu o recado de que deixará o depois para depois. Sua primeira preocupação é manter o ritmo de recuperação da economia que pode resultar, segundo as previsões de economistas consultados pelo "Wall Street Journal", em dois trimestres positivos neste final de ano.
Mesmo assim, está melhor que sua vizinha Letônia, que encolheu 20%. A Rússia enfrentou a queda do preço do petróleo e gás natural — e a alta desses preços ainda não permitiu sua recuperação, até porque a queda do preço do petróleo pegou suas empresas muito alavancadas.
A economista Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, acha que o objetivo do Fed de manter a compra dos títulos é derrubar a curva de juros futuros. O mercado estava imaginando que a redução de liquidez começaria mais cedo para evitar os riscos inflacionários decorrentes da ampliação do déficit público.
— Os juros futuros é que têm mais impacto sobre os contratos firmados na economia real — explicou ela.
A economia americana já melhorou em função de programas como o "dinheiro por sucata" que recompra carros velhos. Começa a sair da recessão, mas o presidente do Fed, Ben Bernanke, não está interessado em entrar em nenhuma polêmica a curto prazo, nem correr o risco de ser acusado de abortar qualquer recuperação. Ele é candidato a permanecer no cargo, recebeu o apoio de inúmeros economistas, mas o presidente Barack Obama é que decidirá sobre isso no começo do ano que vem.
Portanto, entre um risco de médio prazo — que é a alta da inflação e o crescimento exponencial da dívida — e o risco de ser acusado de impedir a recuperação, Bernanke ontem deu o recado de que deixará o depois para depois. Sua primeira preocupação é manter o ritmo de recuperação da economia que pode resultar, segundo as previsões de economistas consultados pelo "Wall Street Journal", em dois trimestres positivos neste final de ano.