Entrevista:O Estado inteligente

sábado, agosto 29, 2009

VEJA Recomenda


DISCO

Marcos Alberti
DISCO
Portari, Moreno e Esteves: versão camerística das canções de Mahler



MAHLER: DAS LIED VON DER ERDE,
Fernando Portari, Rodrigo Esteves, Algol Ensemble e Carlos Moreno
Das Lied von der Erde (em português, A Canção da Terra) é um ciclo de seis canções baseadas em antigos poemas chineses vertidos para o alemão pelo poeta Hans Bethge. Gustav Mahler iniciou a composição em 1907, durante um dos períodos mais turbulentos de sua vida – sua filha havia acabado de morrer, ele fora forçado a se demitir da Ópera da Corte de Viena e descobrira a infidelidade de sua mulher, Alma. Os poemas que ele musicou falam, apropriadamente, de desencanto, da brevidade da juventude, e da morte. O disco traz a adaptação de Arnold Schoenberg para a obra de Mahler – o compositor de Pierrot Lunaire deu um tom mais camerístico às canções. As músicas são interpretadas com brio pelo tenor Fernando Portari e pelo barítono Rodrigo Esteves e contam com a regência precisa de Carlos Moreno.

CINEMA

Divulgação
CINEMA
Amantes: uma dolorida história de amor em Nova York


AMANTES
(Two Lovers, Estados Unidos, 2008. Desde sexta-feira em cartaz)
Depois de ser abandonado pela noiva e tentar duas vezes o suicídio, Leonard (Joaquin Phoenix) parece reencontrar o caminho da felicidade na relação com Sandra (Vinessa Shaw), a compreensiva filha de um casal de amigos de seus pais. Mas eis que seu coração acaba pendendo para a passional Michelle (Gwyneth Paltrow), sua vizinha moderninha e baladeira. Entre a razão de uma e a emoção da outra, Leonard terá de fazer uma difícil escolha. Nos seus três filmes anteriores (dois deles, Caminho sem Voltae Os Donos da Noite, protagonizados por Phoenix), o diretor James Gray retratou o mundo do crime em Nova York. Mas ele se sai melhor com esta dolorida crônica amorosa focada numa família judia do Brooklyn. Phoenix, que recentemente prometeu abandonar as telas para ser músico de hip hop, contribui bastante para tornar crível um personagem que exala fragilidade e pede a comiseração do espectador.

DVDs

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DVD
Quinteto da Morte: uma das melhores comédias da história – sem exagero


QUINTETO DA MORTE
(The Ladykillers; Inglaterra, 1955; venda exclusiva pela 2001 Video)
Em Londres, na década de 50, uma senhora com problemas financeiros aluga um quarto de sua casa para um conjunto de música erudita. O que ela não sabe é que os tais músicos são ladrões, que usam a casa para organizar um roubo. Quinteto da Morte é tida como uma das melhores comédias da história do cinema – e não se trata de exagero: o espectador se delicia ao ver os planos do quinteto caindo por terra por causa do zelo e da ingenuidade da velha senhora, interpretada por Katie Johnson. Alec Guinness, que faz o chefe do bando, está num momento inspirado: seu Professor Marcus combina doses exatas de maldade e dissimulação. O elenco de apoio também é de primeira linha: inclui Peter Sellers e Herbert Lom, que mais tarde viveriam o Inspetor Clouseau e o chefe Dreyfus na série A Pantera Cor-de-Rosa.

A FESTA NUNCA TERMINA, de Michael Winterbottom (24 Hour Party People; Inglaterra, 2002; venda exclusiva pela Livraria Cultura)
Nos anos 80, Manchester, na Inglaterra, foi a capital mundial do novo rock. Lá surgiram bandas essenciais para a música do período – como o Joy Divison, que virou New Order depois do suicídio do cantor Ian Curtis. A cidade também abrigava a gravadora Factory, que criou um novo conceito de produção e arte gráfica para seus discos, e a casa noturna Hacienda. Essa época de agitação é reconstituída, com muita ironia, em A Festa Nunca Termina. O filme é narrado em primeira pessoa por Tony Wilson (Steve Coogan, em atuação hilária), um repórter de televisão que deu o pontapé inicial na cena de Manchester ao criar a Factory. A reconstituição do período é perfeita, bem como os números musicais. As loucuras do grupo Happy Mondays e as piadas sarcásticas de Wilson sobre bandas como o Simply Red incrementam o humor afiado do filme.

LIVROS

O PROJETO LAZARUS, de Aleksandar Hemon
(tradução de Maira Parula; Rocco; 304 páginas; 39,50 reais)
Nascido na Bósnia, em 1964, e radicado nos Estados Unidos desde os conflitos civis que devastaram o seu país, em 1992, Aleksandar Hemon costuma ser alinhado ao polonês Joseph Conrad e ao russo Vladimir Nabokov – escritores exilados que conseguiram um notável domínio literário da língua inglesa. O Projeto Lazarus narra, em paralelo, a história de dois imigrantes do Leste Europeu nos Estados Unidos. O bósnio Vladimir Brik é um escritor meio frustrado que pesquisa a obscura vida do outro imigrante, Lazarus, que sobreviveu a um pogrom na Moldávia, em 1903, apenas para acabar assassinado pela polícia de Chicago em 1908. Nas suas pesquisas sobre a vida de Lazarus, Brik viaja pela Bósnia acompanhado de um fotógrafo. E Hemon fez a mesma coisa: o romance é ilustrado por fotos de seu amigo Velibor Bozovic. Trecho do livro.

A MULHER FOGE, de David Grossman
(tradução de George Schlesinger; Companhia das Letras; 656 páginas; 58 reais)
Uri, o filho mais jovem de David Grossman, foi morto por um míssil quando servia em um tanque na guerra do Líbano de 2006. Já antes da morte do filho, Grossman – um dos mais reputados escritores de Israel – opunha-se à guerra. A ironia trágica é que, naquela altura, ele já tinha completado grande parte de A Mulher Foge,romance que trata exatamente da dor dos pais que perdem filhos na guerra. "O que mudou foi o eco de realidade com que foi escrito o último esboço", disse o autor. A fugitiva do título, Orah, viaja para o norte de Israel na tentativa de escapar à possível notícia da morte dos dois filhos – ambos cumprem o serviço militar obrigatório. Ela é acompanhada por um antigo amante, Avram, que foi torturado pelos egípcios na guerra do Yom Kipur, em 1973. Nos diálogos entre esses dois personagens feridos pela história, arma-se um painel dramático dos impasses de Israel hoje. Trecho do livro.

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