Há dois meses, a IEA estimava que a demanda diária de petróleo, em 2008, superaria em 400 mil barris/dia a de 2007. Há um mês, a previsão caiu para 100 mil barris/dia. Agora, cotejando as projeções de outubro e dezembro, a diferença passou a 600 mil barris/dia a menos - 0,7% do consumo global. É a primeira vez, desde 1983, que se registra queda de consumo num ano.
Nos países da OCDE, as projeções de consumo para 2009 foram revisadas de 87,2 milhões de barris/dia para 86,3 milhões - 900 mil barris/dia a menos.
A queda do consumo é uma das explicações para a derrubada das cotações do bruto, do pico de US$ 147 o barril do tipo WTI, em julho, para US$ 46 o barril, anteontem. Mas outros fatores também foram decisivos, como o desmonte de operações especulativas no mercado futuro, envolvendo um processo de compra e venda muitas vezes superior à capacidade global de produção.
A reação da Opep não bastou para segurar as cotações. Na reunião de 24 de outubro, em Viena, foi decidido o corte de 1,5 milhão de barris da produção diária, sem impacto sobre as cotações. Reunida novamente no Cairo, em novembro, a Opep adiou a tomada de decisões para a próxima reunião, na quarta-feira, em Orã (Argélia).
O objetivo é elevar os preços da commodity a pelo menos US$ 75 o barril, disse o ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi. O preço preservaria os novos projetos. "É o preço para o produtor marginal", acrescentou.
A Opep não controla os sócios: Irã e Venezuela descumpriram a política de corte. O fato é que vários produtores - caso do Irã, da Venezuela, da Nigéria e da Rússia - enfrentam crises fiscais e não se arriscam a cortar a produção, o que significaria queda real e imediata da receita ante uma mera expectativa futura de aumento de preço.