Em má companhia
O governo popular e revolucionário do Brasil acusa a oposição de disseminar sentimentos negativistas sobre a crise financeira mundial. Qual o quê! São justamente os esquerdistas que se divertem com as vicissitudes do primeiro mundo. Acham lindo observar da latitude tropical o capitalismo ruir na imagem da velha Europa de joelhos. Especialmente a Libra Esterlina caindo pelas tabelas em uma Inglaterra cujo império governava as ondas dos mares.
O que mais fascina e conforta os energúmenos é ver os Estados Unidos irem à bancarrota. Aqueles que agora vibram com a insolvência dos ícones da economia de mercado são os mesmos que se sentiram vingados quando os terroristas explodiram as torres do World Trade Center. Uma gente cuja única atividade produtiva foi participar de um grupo de trabalho no governo do PT, muitos tendo o cargo de assessoria como o primeiro emprego.
Aliás, não é só parte expressiva do governo do Brasil, mas a América do Sul praticamente inteira está contaminada pela idéia fixa de que o momento histórico reúne as condições para a solução final à influência americana no subcontinente. Na verdade, muitos destes países têm possibilidade de desaparecer, conforme for a extensão da crise. Os três patetas Chávez, Morales e Correa devem entrar em contagem regressiva no processo de autodestruição com mais um ano de petróleo em baixa. E Barack Obama não vai salvá-los.
O presidente Lula hoje e amanhã tem agenda fechada justamente na má companhia desse pessoal em nada menos do que quatro cúpulas internacionais. E ainda vem o Raul Castro. Isso é que liderança! Tudo bem, eles estão aí para patrocinar rapaziadas em nome da blindagem latino americana contra a crise financeira internacional.
O máximo do alcance prático de um encontro de líderes da região é descobrir o que é que a Bahia tem na Costa do Sauípe entre um diálogo e outro de altíssimo nível sobre a sapatada em George W. Bush. O acordo tarifário do Mercosul fracassou e não há o que se decidir no que pode se converter na maior confraternização natalina da América Latina e do Caribe.
O Brasil especialmente não vai perder a ocasião para fazer bobagem. Deve anunciar acordo com Evo Morales com a finalidade de substituir o DEA (agência antidrogas dos EUA) expulso da Bolívia em novembro. Trata-se de uma aventura temerária para a Polícia Federal tanto no aspecto operacional quanto institucional. É uma estultice assinar cooperação de combate à cocaína com um governo assumidamente cocaleiro. De mais a mais, antes de ajudar a Bolívia, o Brasil deveria se proteger do tráfico de drogas, e ainda do Morales, do Correa, do Lugo e do Chávez.
Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM-GO)